CT, gramado, fachada, pintura e mais: conheça planos da Comissão Patrimonial do Santa Cruz para 2024
Adriano Lucena assume Comissão Patrimonial do clube e, entre os planos, quer implementar visão de "clientes", para além de torcedores
O novo presidente da Comissão Patrimonial do Santa Cruz, Adriano Lucena, que também está à frente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), conversou com exclusividade com a reportagem da Folha de Pernambuco e listou as mudanças que pretende implementar no clube coral ao longo da gestão do presidente Bruno Rodrigues, que tomou posse na noite da última segunda-feira (20), assumindo um mandato que se estende até o final da temporada de 2026.
Ele garantiu que as tomadas de decisões sobre as mudanças no Arruda acontecerão com apoio dos torcedores, e deixou o espaço aberto para “quem quiser ajudar na reconstrução”.
“É o time do povo, então o que move o Santa na sua essência é essa paixão. Se chegamos até aqui fortes e grandes, então é assim que vamos continuar. Vamos ter a participação do torcedor nas decisões e nas críticas, e estar aqui para ouvir e implementar aquilo que for possível mudar. Quem quiser nos ajudar nessa construção, será muito bem vindo”, garante.
Lucena também revelou o objetivo de implementar o viés de cliente à identidade da torcida, a fim de aproximar o público também de forma paralela ao calendário dos jogos.
“O Santa Cruz é um complexo, e temos que povoar e identificar o torcedor como um cliente. O Santa Cruz é amor, e lidamos com sentimento. Vamos trazer um olhar, sobretudo, como cidadão”, diz.
Abaixo, confira, ponto a ponto, o planejamento da Comissão Patrimonial do Santa Cruz
Mobilidade
De início, a preocupação com a logística do torcedor, que inclui o ir e vir durante os dias de jogos foi questionada por ele.
“Como é que vamos oferecer as melhores condições para o torcedor sair de casa, vir participar daquilo que ama, conquistar dentro de campo os três pontos, e chegar em casa com segurança?”, pergunta.
“Não é só no campo de futebol, é no ir e vir, na questão de mobilidade, com um melhor transporte e uma melhor segurança”, pontua em complemento.
Essa questão, inclusive, foi ampliada para um projeto pensado também para acontecer em conjunto com os rivais Náutico e Sport.
“A questão da mobilidade não atinge somente o Arruda. Tem uma ligação direta com os Aflitos e com a Ilha do Retiro. A solução passa pelos três clubes da capital. É bom para a cidade e para todo o torcedor”, finaliza.
Arborização
Um outro ponto de destaque no planejamento do novo presidente da Comissão Patrimonial passa pelo plantio de árvores.
Ele citou essa como uma maneira de enfrentar de forma mais amena a onda de calor que percorre por todo o Brasil.
“Arborizar o estádio e trazer um clima mais agradável do ponto de vista até do aquecimento global, já que vivemos essa onda de calor também. Vamos tentar ‘quebrar’ isso tornando
o ambiente mais humano”, detalha.
Fachada
Ainda com dúvidas sobre o formato de mudança na fachada atual do Estádio do Arruda, o presidente disse já ter colhido uma opinião preliminar da torcida, e apontou o espaço como um “cartão-postal” para as pessoas que circulam diariamente pela Avenida Beberibe.
“Sobre a fachada, a gente já fez até uma consulta aos torcedores para identificar se é possível fazer a implementação dessa recuperação da fachada, ou se vamos fazer uma repaginada. Você tem um fluxo de pessoas passando diariamente na (Avenida) Beberibe e esse impacto estético é importante”, afirma.
Ele, porém, afastou que essa seja uma forma de “maquiar” os problemas internos.
“Isso não é tudo. Nem é para encobrir outro problema, mas a estética e a beleza, o visual, têm que gerar impacto e aquele olhar, que é para causar certa alegria”, completa.
Catracas
Alvo de críticas frequentes por parte da torcida do Santa Cruz, o acesso ao estádio em dias de jogos por meio das catracas está entre os itens a serem repensado pela nova gestão.
Na entrevista, a reportagem questionou a possibilidade de o sistema de reconhecimento facial ser implementado.
“O que for de mais moderno e acessível do ponto de vista econômico, vamos implementar”, limitou-se.
Arquibancadas
Na parte interna, a extensão das arquibancadas inferiores e superiores se encontra tomada por sujeira, inclusive com as cores preta e vermelha, do rival Sport, unidas.
Uma limpeza, segundo Lucena, está prevista no espaço, como uma das etapas responsáveis por proporcionar uma "boa primeira impressão” no jogo de estreia do Santa Cruz em casa na temporada de 2024.
“Bruno (Rodrigues) tem isso como uma meta, que é manter a limpeza e implementarmos uma pintura, e assim vamos buscar e olhar o que tem no Santa Cruz em termos de contrato, porque não posso quebrar o que já tem. Vamos iniciar o ano de 2024 dentro dessa visualização de um estádio bem mais bonito e interessante, que cause um impacto quando as pessoas chegarem para o primeiro jogo. Que tenham esse impacto positivo e que a gente mantenha essa positividade ao longo do ano”, projeta.
Questionado se um novo mosaico será aplicado no lugar do já existente, ele deixou o tema em aberto.
“Não sei se vai ser o mesmo”, confessa.
Capacidade de público
De acordo com Lucena, a capacidade de público que o Estádio do Arruda pode receber hoje é de pouco mais de 44 mil torcedores.
Essa diminuição no número de ocupação das arquibancadas, em comparação com os recordes de temporadas passadas, para ele, representa uma maior garantia de segurança para quem está na parte interna e também nos arredores do Mundão.
“A gente já teve público aqui de oitenta mil, mas hoje temos uma legislação que gera mais conforto e segurança. Então, é melhor ter 40 mil em segurança, que 80 mil sem segurança. Isso passa também por esse conceito que a gente quer implementar, de dar segurança ao torcedor e a quem está no entorno do estádio”, inicia.
Além de segurança, conforto e estética foram outros fatores exaltados pelo dirigente.
“Não é um objeto fácil nem simples de ser cuidado. Um estádio de futebol grande requer muitos investimentos para que a gente possa fazer a manutenção do dia a dia. Além da manutenção, a gente tem todo o cuidado de recuperação estrutural e também de trazer conforto para o torcedor, mas também trazer um pouco de estética e beleza para quem tiver passando identificar que aqui é o Estádio do Arruda”, frisa.
“Dentro dessas intervenções que a engenharia e a arquitetura podem fazer nesses espaços, vamos fazer”, projeta com otimismo.
Gramado
A vegetação ao redor do gramado do Arruda está alta. Dentro das quatro linhas, a parte verde também não se encontra adequada nem linear, apresentando alguns pontos mais elevados que outros.
O caminho para consertar isso, no entanto, já é conhecido pelo Santa Cruz.
“Em 2023, todo mundo elogiava, foi feito um trabalho sensacional. E é assim que a gente espera entregar e manter ao longo do ano, dando condições para a prática do futebol”, conclui.
A manutenção do bom estado do campo também foi projetada.
“No primeiro jogo no Arruda, a gente já espera entregar o estádio e o gramado com todas as condições, que é o objetivo principal”, diz.
Reciclagem
Para que as cenas de sujeira nas arquibancadas após os jogos não se repitam na nova temporada, um projeto para reciclar o material recolhido - formado principalmente por plástico - está sendo analisado.
“A reciclagem do pós-jogo, para termos uma cooperativa onde o pessoal especializado busca e leva um novo conceito de futebol, que é um futebol integrado com a sociedade e com a cidade. Isso tudo vamos trazer”, garante.
CT
O Centro de Treinamento Ninho das Cobras, localizado na Estrada da Mumbeca, na Guabiraba, no Recife, é um espaço vinculado à Associação dos Torcedores e Amigos do Santa Cruz (Atasc). Apesar disso, deve também ser alvo dos planos da Comissão Patrimonial do clube.
Para Lucena, é prioridade que os treinos sejam sempre comandados no CT, para que o gramado do Arruda fique preservado o máximo possível e disponível exclusivamente aos jogos.
“A gente vai conversar com a Associação e determinar o que podemos fazer de forma conjunta. Vamos deixar o CT em todas as condições para deixar todos os treinos lá e ter o Arruda para preservar o estádio e o gramado para os jogos”, afirma.