GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Bebês, idosos e famílias inteiras: quem são os reféns do Hamas

Levantamento conseguiu identificar 210 das quase 240 pessoas sequestradas; além de Israel, 26 países têm cidadãos entre os reféns, segundo dados do ministério

Cartazes que retratam crianças mantidas reféns pelo grupo palestino Hamas em Gaza são exibidos emuma janela durante uma reunião em frente ao escritório da ONG Save The Children International, em Londres, em 17 de novembro de 2023 - Daniel Leal / AFP

O Hamas anunciou na quarta-feira (23) que vai libertar pelo menos 50 reféns após um acordo com Israel. Com base em entrevistas com familiares e relatos da mídia israelense, a AFP conseguiu confirmar a identidade de 210 das quase 240 pessoas sequestradas em 7 de outubro durante os ataques do Hamas em solo israelense.

Os reféns que serão libertos são mulheres e crianças, tanto israelenses como estrangeiros. A libertação será feita por etapas em troca de uma trégua de quatro dias e da libertação dos prisioneiros palestinos. De acordo com Washington, três americanos, incluindo Abigail Mor Idan, de três anos, estarão entre os primeiros libertados a partir de quinta-feira.

A libertação de “um ou dois” reféns franceses também está prevista, disse o deputado francês Meyer Habib. O Hamas já libertou quatro reféns e uma soldado foi resgatada pelas forças israelenses. Outras duas pessoas foram encontradas mortas pelas forças israelenses em Gaza: a soldado Noa Marciano, de 19 anos, e Yehudit Weiss, uma ex-enfermeira de 65 anos.

Pelo menos 35 crianças
Pelo menos 35 das pessoas sequestradas são crianças. Dezoito tinham 10 anos ou menos na época do ataque do Hamas. Um dos reféns mais jovens é Kfir Bibas, um menino que tinha apenas nove meses quando foi sequestrado no kibutz Nir Oz, perto da fronteira com Gaza, junto com seu irmão Ariel, de quatro anos, e seus pais Yarden e Shiri.

Shiri aparece em um vídeo do dia do ataque visto por sua família, com os filhos nos braços e cercada por homens armados. Algumas das crianças fizeram aniversário em cativeiro, como Emily Hand, uma irlandesa-israelense que completou nove anos. A menina estava dormindo na casa de um amigo no kibutz de Beeri quando foi sequestrada, disse seu pai.

Yoni Asher, cuja esposa Doron, as filhas Raz, de quatro anos, e Aviv, de dois, e a sogra Efrat foram sequestradas no kibutz de Nir Oz, deixou seu emprego como incorporador imobiliário para dedicar todo o seu tempo a tentar trazer sua família em casa.

Octogenários e famílias inteiras
Pelo menos 68 dos sequestrados são mulheres. Uma delas é Yaffa Adar, que tinha 85 anos quando foi filmada sendo levada do kibutz de Nir Oz no que parecia ser um carrinho de golfe. Pelo menos oito dos reféns têm mais de 80 anos. Nove pessoas da mesma família foram sequestradas no kibutz Nir Oz. Pelo menos 71 dos quase 400 residentes deste kibutz foram sequestrados, o número mais elevado para uma única comunidade.

Sharon Aloni Cunio, de 34 anos, seu marido David, de 33, e suas filhas gêmeas Emma e Yuly, de três anos, também foram sequestrados em 7 de outubro. Também estão na lista Ariel, irmão de David, Arbel Yahod, parceiro de Ariel, e seu irmão Dolev; bem como Danielle, irmã de Sharon; e Amelia, filha de cinco anos de Danielle.

Danielle, de 44 anos, apareceu em um vídeo divulgado pelo Hamas em 30 de outubro junto com outras duas mulheres, Yelena Trupanov e Rimon Kirsht.

Várias nacionalidades
Além de Israel, 26 países têm cidadãos entre os reféns, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores de Israel. Muitos têm dupla nacionalidade. Vinte e seis tailandeses foram sequestrados, juntamente com 21 argentinos, 18 alemães, 10 americanos, sete franceses e sete russos, segundo dados fornecidos pelos seus governos.

Testes de vida
O Hamas divulgou dois vídeos como prova de vida, um de Aloni e outras duas mulheres, e outro em que a franco-israelense Mia Shem, de 21 anos, é vista implorando por ajuda. A Jihad Islâmica, outro movimento armado palestino em Gaza, divulgou um vídeo em 9 de novembro no qual dizia mostrar outros dois reféns: Hannah Katzir, uma mulher de 70 anos, e Yagil Yaakov, 13.

Entre 15 e 30 pessoas, a maioria estrangeiros, continuam desaparecidas, segundo a mídia israelense. Acredita-se que tenham sido sequestrados ou assassinados no dia 7 de outubro, mas ainda não foram identificados.