Petrobras: sob pressão do Planalto, conselho se reúne para aprovar novo plano; veja o que deve mudar
Plano de investimentos deve prever projetos em torno de US$ 100 bilhões
O Conselho de Administração da Petrobras se reúne nesta quinta-feira (23) para aprovar o novo plano de negócios da estatal para os anos de 2024 e 2028. A expectativa é que sejam previstos investimentos em torno de US$ 100 bilhões (R$ 490,7 bilhões) em novos projetos de petróleo, gás, refino e fontes renováveis.
Será um volume de aportes maior que o do plano de negócios em vigor atualmente, de US$ 78 bilhões (R$ 382,7 bilhões) para o período 2023/2027.
O que se sabe até agora do plano:
Será determinado um volume de recursos por segmento, como solar, hidrogênio, eólica em terra e eólica offshore, por exemplo;
As fontes renováveis vão ter 7% dos investimentos no novo plano. A meta é aumentar para até 15% do total ao longo dos próximos anos;
O plano terá uma espécie de "banco de reserva", já que, se um projeto for cancelado ou adiado, há outras opções em substituição;
Vai apresentar a volta da companhia ao segmento de fertilizantes;
Encomenda de novos navios;
Aposta em biocombustíveis, petroquímica e ampliação de refinarias.
Busca de oportunidades no exterior
A discussão em torno do novo plano estratégico é um dos pontos de atrito entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e integrantes do governo, como os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, descreveu a colunista do Globo Malu Gaspar.
Desde a semana passada, Silveira e Prates trocam farpas sobre o preço dos combustíveis. Os ministros e o presidente da Petrobras estiveram reunidos anteontem com o presidente Lula, e Prates saiu da reunião afirmando que o tema principal da conversar foram os investimentos do novo plano de negócios. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também participou.
Os ministros e o presidente cobram de Prates a redução no preço de combustíveis e a aceleração no plano de negócios da encomenda de plataformas para incentivar a retomada de empregos em estaleiros no Brasil, informou Malu Gaspar. Silveira e Costa articulam até a substituição de Prates, enquanto o presidente da Petrobras tenta atrair o apoio dos conselheiros minoritários.
Segundo a colunista do Globo Vera Magalhães, que também revelou bastidores da reunião, para Lula, mais importante que o preço dos combustíveis é o volume e a velocidade com que a Petrobras financiará grandes projetos. O plano de negócios é decisivo para essa ambição de Lula e principalmente de Costa, que lidera o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Publicamente, porém, Costa nega estar trabalhando para substituir Prates.
Como está o jogo na estatal
Segundo fontes na estatal, representantes indicados pelo próprio governo para o conselho (a União, como acionista majoritária tem seis das 11 cadeiras) chegaram a questionar as apostas da atual direção executiva da empresa, liderada por Prates, em aportar recursos nas fontes de energia renováveis.
Há críticas envolvendo, sobretudo, as apostas em projetos de transição energética, como hidrogênio e energia eólica offshore (em alto-mar). Nos últimos meses, a estatal assinou acordos de intenção com outras companhias do setor para investir em diversas fontes de energia limpa.
Chegou-se a cogitar ainda que até mesmo a análise de qualquer projeto renovável passasse pelo aval do conselho, o que foi descartado em uma reunião recente.