Diretor do Hospital al-Shifa é preso por forças de Israel, diz diretor de departamento da unidade
Exército israelense tem mantido controle sobre o complexo hospitalar com a justificativa de que o local abriga um centro de comando do grupo terrorista Hamas
O médico e diretor do Hospital al-Shifa, Mohamed Abu Salmiya, foi detido por forças israelenses nesta quinta-feira (23), afirma o diretor de departamento da unidade. Além dele, outros funcionários também foram presos. O Exército de Israel está mantendo controle sobre o al-Shifa — que foi “totalmente cercado” e sofreu uma incursão no último dia 14 — com a justificativa de que ele abrigaria um centro de comando das operações do Hamas.
"O doutor Mohamed Abu Salmiya foi detido com outros diretores médicos" afirmou Kaled Abu Samra, diretor de departamento do hospital.
Uma fonte do Ministério de Saúde de Gaza afirmou ainda à AFP que “dois enfermeiros e outro médico também foram presos”. O enclave palestino é controlado pelo Hamas desde 2007.
O al-Shifa é o maior e mais importante hospital da Faixa de Gaza. Está localizado no norte, região que Israel diz ter tomado o controle, e abriga ao menos 2.300 pessoas, entre equipe médica, pacientes e deslocados pela guerra, iniciada no dia 7 de outubro. Assim como outras estruturas de Gaza, padece com a falta de combustível para manutenção das suas atividades, superlotação e falta de insumos básicos.
No dia 11, as Forças Armadas de Israel afirmaram ter “cercado totalmente” a unidade. Um intenso bombardeio destruiu seu último gerador em funcionamento, causando a morte de dezenas de pacientes no local e de um bebê prematuro na incubadora. Cerca de três dias depois, os soldados israelenses iniciaram uma incursão terrestre no local, interrogando e revistando pacientes no pátio do complexo. A operação terminou cerca de 12 horas depois.
As Forças Armadas anunciaram ter encontrado armas do Hamas no Hospital al-Shifa e uma ampla infraestrutura terrorista, o que foi rebatido pelo Ministério da Saúde. Um porta-voz das Forças de Defesa de Israel garantiu ainda que não houve confronto dentro do complexo, mas o grupo palestino fala em até 40 mortes na operação.
O Hamas, em seu ataque em 7 de outubro, o pior na História de Israel, matou cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e capturou cerca de 240 reféns, segundo autoridades israelenses. Em Gaza, mais de 14 mil pessoas, também em sua maioria civis, foram mortas em uma intensa campanha de bombardeios e invasão terrestre israelense desde então, segundo autoridades de saúde no território.