Milei eleito: Bullrich, ex-candidata presidencial, será ministra da Segurança de futuro governo
Sócia política de ex-presidente Mauricio Macri foi fundamental para eleição do líder da direita radical argentina
A ex-candidata presidencial Patricia Bullrich assumirá o comando do Ministério de Segurança no futuro governo do presidente eleito da Argentina, Javier Milei, informou o jornal La Nación e confirmaram ao Globo fontes próximas a Bullrich. Nesta quinta-feira (23), a formação do futuro Gabinete viveu momentos de tensão, que obrigaram Milei a cancelar uma viagem com motivos pessoais para Nova York, que estava prevista para esta sexta.
Uma das notícias mais importantes do dia foi a decisão do economista Emilio Ocampo de desistir de sua nomeação como futuro presidente do Banco Central. Ocampo é autor de uma das propostas de dolarização que interessa a Milei, e foi um de seus principais assessores econômicos durante a campanha. A saída do economista da equipe que comandará o BC esteve relacionada aos rumores sobre o nome de Luis Caputo como futuro ministro da Economia.
Caputo não está de acordo com o plano de dolarização, e sua provável escolha, já reconhecida publicamente por Milei, precipitou a decisão de Ocampo, que o presidente eleito tinha designado para, em suas palavras, “fechar o Banco Central”. Para alguns economistas, está em risco a ideia de dolarizar a economia argentina, pilar do programa de governo de Milei.
A sensação em Buenos Aires é de que Bullrich e o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), figuras essenciais para a eleição de Milei, estão ganhando espaço no futuro governo. Também estão sendo convocados colaboradores do também ex-candidato presidencial Juan Schiaretti, o peronista que em breve deixará o governo da província de Córdoba.
Bullrich foi uma aliada eleitoral crucial para Milei, que no primeiro turno obteve apenas 29,9% dos votos e precisava dos cerca de 23% conseguidos pela ex-candidata para ser competitivo na disputa com o peronista Sergio Massa. Poucos dias depois do primeiro turno, Bullrich, sócia política de Macri (2015-2019), fez um pacto com Milei, aceitou seu pedido de desculpas e concordou em apoiá-lo no segundo turno.
Na primeira etapa da campanha, o então candidato acusou Bullrich de ter atuado como guerrilheira durante a última ditadura e, naquela época, ter colocado bombas em creches. O passado guerrilheiro da ex-candidata foi negado por ela, mas confirmado por fontes de seu partido.
A formação do futuro Gabinete deve continuar sendo discutida nos próximas dias. Milei precisa ampliar apoios para aprovar suas reformas no Parlamento, e, para isso, além de Macri e Bullrich, deverá conquistar o respaldo de governadores peronistas e antiperonistas.