Futebol

Mesmo sem acesso, presidente do Sport nega arrependimentos em 2023 e projeta mudanças para 2024

Yuri Romão destacou que fez o que "o momento e as circunstâncias" apontavam, explicando, dentre outros pontos, a permanência do técnico Enderson Moreira até a penúltima rodada da Série B

Yuri Romão, presidente do Sport - Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Em uma longa entrevista coletiva após o jogo contra o Sampaio Corrêa, na Ilha do Retiro, que, mesmo com a vitória do Sport por 4x1, marcou a indesejada permanência do clube na Série B do Campeonato Brasileiro, o presidente leonino, Yuri Romão, fez uma avaliação do trabalho em 2023, citando tanto a gestão como os trabalhos da diretoria, comissão técnica e atletas. Mesmo sem o acesso à Série A, o dirigente negou arrependimentos, destacando que já a partir desta segunda (27), o planejamento para 2024 será iniciado. 



"Nunca me arrependo de nada. Posso até me arrepender de algumas coisas pontuais, mas todas as decisões foram tomadas em um momento em que havia circunstâncias das quais boa parte da imprensa não tinha acesso. Chegar agora e dizer que me arrependo... A oscilação foi latente, todos viram. Havia um sentimento interno de que na próxima partida tudo daria certo. Tínhamos um espelho do primeiro semestre avassalador, gols e mais gols, jogos brilhantes, e todas as noites dormíamos pensando que no próximo jogo voltaríamos àquele ímpeto, àquela vontade, àquele estilo de jogo. Mas isso não aconteceu", iniciou.

"O sentimento é que chegamos ao final de uma temporada sem fazer aquela entrega que gostaríamos. De forma muito transparente e objetiva, não era essa a entrevista que gostaria de dar neste momento. Não conseguimos desempenhar o futebol que tínhamos iniciado na temporada, trazendo um ar que conseguiríamos o acesso com os pés nas costas. De fato, como acabei de dizer aos atletas, tivemos acertos e erros. Cabe a nós, enquanto dirigentes, fazer autocrítica e consertar ou tentar consertar para a próxima temporada. Eu diria que muita coisa foi feita e foi feita de forma acertada, mas o time não rendeu no segundo turno", completou.
O presidente também explicou os motivos que fizeram o clube segurar o técnico Enderson Moreira até a penúltima rodada da Série B mesmo com a queda de rendimento nas partidas finais. 

"Na realidade, em algum momento, como presidente do clube, precisávamos dar tranquilidade à comissão técnica para que pudesse encontrar o melhor modelo de jogo para o elenco diante das questões de saída de atletas e queda de rendimento de outros. Precisávamos blindar. Por isso, em várias vezes, coloquei 'minha cara à tapa' e, de fato, segurei a onda com relação ao treinador (Enderson Moreira). Tem um filósofo chamado Ortega y Gasset que diz que o 'homem é o momento e as circunstâncias'. Vivíamos um momento circunstancial em que tínhamos total confiança na comissão técnica, e cabia a mim tomar uma decisão de blindá-lo ou não, e isso foi feito, e eu assumo", detalhou.

O dirigente também indicou que a próxima semana marcará conversas sobre a chegada de um novo treinador, não descartando também mudanças no departamento de futebol.

"A gente vai começar a definir isso a partir de segunda-feira. Temos de ver onde erramos. Daí, vamos traçar o planejamento, vendo o perfil do treinador que pretendemos trazer. Não vamos atrás de algum atleta antes disso. Ir para o terceiro ano (consecutivo) na Série B não era algo que gostaríamos. O objetivo principal será voltar à Série A, mas também pensando no Campeonato Pernambucano, Copa do Nordeste e Copa do Brasil. É uma marca que não gostaria de entregar à torcida, que não merece isso. Agora é olhar para frente, reconhecer os erros e planejar de forma mais eficaz o ano de 2024", apontou.

"Logicamente, a gente vai conversar, entender o que houve. Vamos traçar uma nova diretriz e ver como se encaixa. Papel de gestor é sempre de colocar as melhores peças nos lugares que elas mais se adaptam. Dentro dessa especificidade de cada gestor, de cada dirigente, a gente vai poder avaliar o insucesso da temporada. O fato de a gente não ter chegado ao acesso não pode inviabilizar todo um trabalho que foi feito. Eu diria que foi bem feito, se a gente for olhar os números do Sport, são números que há muitos anos que o Sport não produzia tanto em um ano. Gols, vitórias na Ilha... Fomos a segunda equipe que mais venceu dentro de casa, a gente só perdeu do Vitória. Também não pode simplesmente execrar, dizer que todos os problemas do mundo foram da diretoria de futebol. A gente vai ter que fazer uma avaliação se houver uma necessidade de substituição. Eu não tenho apego a cargos, eu tenho apego ao Sport", finalizou.