PGR

Delação de Cid, espionagem da Abin e 8 de janeiro: as decisões que Gonet, o novo PGR, terá de tomar

Escolhido por Lula para comandar o Ministério Público, Paulo Gonet terá que se posicionar sobre questões pendentes no órgão

Subprocurador Paulo Gonet - Marcelo Camargo/Ag. Brasil

O subprocurador Paulo Gonet, escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir como procurador-geral da República, terá pela frente não só a missão de reconstruir pontes do petista com o Ministério Público Federal (MPF), mas terá que lidar com questões que ficaram pendentes nos últimos meses. Na lista de decisões a serem tomadas estão os desdobramentos da CPI do 8 de janeiro, a delação do ex-ajudante de Jair Bolsonaro (PL) Mauro Cid e as apurações envolvendo um suposto esquema de espionagem na Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

No caso do relatório da CPI, o documento foi entregue à procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e outros integrantes da CPMI no mês passado. O relatório marcou fim dos trabalhos da comissão e indiciou 61 pessoas, entre elas, o ex-presidente Jair Bolsonaro. Cabe agora à PGR decidir se dará andamento aos casos relatados pelo grupo parlamentar.

A PGR interina designou o subprocurador Carlos Frederico Santos para analisar o relatório e propor eventuais investigações contra os citados do documento final. Santos atua na investigação dos atos e foi responsável por denunciar cerca de 1,4 mil acusados. Com o novo comando, não se sabe se o subprocurador continuará à frente das apurações.

O material entregue pela CPI à PGR contém 1,3 mil páginas e 7 terabytes de arquivos digitais, incluindo imagens, vídeos e diversos documentos que embasaram os indiciamentos. No início de novembro, Santos enviou ofício à relatora da comissão para pedir acesso a documentos sigilosos obtidos pelo colegiado No despacho, ele pediu acesso a informações bancárias de alvos da comissão.

Abin
Os próximos passos dados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) com relação às investigações que apuram um suposto monitoramento ilegal de celulares por parte de servidores da Abin também devem ser dados pela nova equipe da PGR.

Em outubro, já sob comando interino, a PGR se manifestou de maneira favorável à operação deflagrada pela Polícia Federal. Antes, a administração de Augusto Aras tinha pedido o arquivamento do caso. O caso está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.

Mauro Cid
Outra questão que ainda precisará passar pelos crivos da PGR diz respeito à delação feita pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. O acordo, que foi firmado pela Polícia Federal, não teve o aval do Ministério Público. Em declarações feitas à imprensa, o coordenador da parte criminal, Carlos Frederico, criticou o conteúdo da delação. Portanto, há expectativas quanto à atuação da nova administração diante do caso.