Cinema

Cinemateca brasileira adquire películas para recuperação e duplicação do seu acervo

Parte do Projeto Viva Cinemateca, aquisição é a primeira em 10 anos e vai ser usada para preservação da coleção mais antiga de registros audiovisuais no Brasil

Rolos de filmes da Cinemateca Brasileira - Rovena Rosa/Agência Brasil

A Cinemateca Brasileira adquiriu recentemente 460 rolos de filme virgem para processamento no Laboratório de Imagem e Som, por meio de recursos do Pronac (212939 – Nitratos da Cinemateca Brasileira - Preservação e Acesso) que integra o Projeto Viva Cinemateca. O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell, e Itaú Unibanco, como copatrocinador.

“Há mais de 10 anos que a instituição não adquiria materiais de película para duplicação fotoquímica. E a chegada desses materiais é ainda mais especial por se tratar de uma iniciativa muito importante para a preservação da memória audiovisual brasileira”, ressalta a Diretora Geral da Cinemateca Brasileira, Dora Mourão.

Os rolos de filmes serão usados para a duplicação de materiais em nitrato de celulose para a confecção de matrizes de guarda e acesso, salvaguardando as obras do acervo em eventual perda de seus suportes originais – materiais delicados, com risco de autocombustão e que provocaram quatro incêndios na história da Cinemateca.

“A duplicação fotoquímica é muito importante para o trabalho museológico desenvolvido pela Cinemateca Brasileira, pois o suporte fílmico é o mais adequado para a conservação a longo prazo das obras. Além disso, nosso Laboratório é um dos poucos no mundo e o único no país com essa capacidade de processamento. Este trabalho de salvaguarda é reforçado ainda pelas ações de digitalização e catalogação, que promoverão um acesso qualificado em escala”, complementa Gabriela Sousa de Queiroz – Diretora Técnica.

A recuperação da coleção de filmes em nitrato da Cinemateca Brasileira tem sido uma das principais frentes de trabalho da instituição desde sua reabertura, com a contratação de pesquisadores e técnicos de preservação e documentação de todo o país.

“O Instituto Cultural Vale está ao lado da Cinemateca por entender a importância da casa da produção audiovisual brasileira, uma das maiores instituições do gênero no mundo, que preserva, também, um retrato da nossa própria identidade. Por isso, atuamos, juntos, em iniciativas pela sustentabilidade e modernização do espaço e pela salvaguarda de seu acervo, em especial, a coleção de filmes em nitrato de celulose, de valor inestimável”, diz Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale, que é patrocinador estratégico da Cinemateca Brasileira.

A coleção reúne obras remanescentes do cinema da metade do século 20 – cinejornais, documentários, filmes de ficção, domésticos e publicidade, confiadas à Cinemateca Brasileira por arquivos e cinematecas do país. São registros de valor artístico e histórico e que estão, agora, sendo recuperados e redescobertos com um investimento de mais R$ 15 milhões, captados por meio do PRONAC 212939.

“Com o compromisso constante de transformar vidas, entendemos ser fundamental o fomento à cultura como ponte para o desenvolvimento e a cidadania. O papel que a Cinemateca tem para a construção, fortalecimento e memória do audiovisual brasileiro é inestimável e poder contribuir para um projeto como esse é o nosso legado de parceria junto à sociedade brasileira”, comenta Glauco Paiva, gerente executivo de Comunicação e Responsabilidade Social da Shell Brasil.

Projeto Viva Cinemateca
O Viva Cinemateca foi lançado em junho como continuidade ao processo de retomada iniciado no ano passado. O projeto pretende ampliar e modernizar a sede da Cinemateca Brasileira. Está prevista a ampliação dos espaços de laboratórios da instituição e a recuperação de seu acervo fílmico, garantindo que mais filmes e documentos possam ser preservados.

Outra importante frente do projeto contempla o restauro das edificações históricas, melhorando as instalações disponíveis para o público. Desde 1997, a Cinemateca Brasileira está instalada em seu prédio atual: uma valiosa edificação em tijolos aparentes, remanescente da arquitetura industrial de São Paulo do século 19.

Além dos investimentos na preservação, o projeto também contempla ações de difusão, como a mostra itinerante "A Cinemateca é brasileira" e a exposição homônima, que estão passando por diferentes cidades do Brasil; o Festival Cultura e Sustentabilidade, que foi realizado nos dias 10 e 11 de julho; e a Mostra POvos Originários da América Latina, de 11 a 16 de julho.

Patrocinadores
O Projeto Viva Cinemateca conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell, e Itaú Unibanco, como copatrocinador.

Aprovado na Lei Rouanet, o projeto permite a empresas e pessoas físicas destinarem parte do imposto de renda para a iniciativa (Art. 18 da Lei Federal de Incentivo à Cultura).

Cinemateca Brasileira
Maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes – FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica.

Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social. O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.