Procuradora do Peru responsabiliza presidente por mortes em repressão a protestos
A denúncia contra Boluarte foi apresentada depois que Benavides foi acusado por uma procuradora de liderar uma suposta rede criminosa
A Procuradora-Geral do Peru, Patricia Benavides, denunciou, nesta segunda-feira (27), no Congresso, a presidente Dina Boluarte pelo suposto crime de homicídio como responsável pela repressão aos protestos contra ela que deixou mais de 50 mortos após sua chegada ao poder.
“Informo que formulei denúncia constitucional ante o Congresso da República contra Dina Boluarte, presidente da República, e Luis Alberto Otárola”, o primeiro-ministro, disse Benavides em declaração televisiva.
A acusação, que pode levar ao impeachment do presidente, acontece no momento em que a procuradora enfrenta graves questionamentos internos à sua gestão com pedidos de renúncia feitos por altos procuradores do Ministério Público.
“Não se deve permitir a morte de nenhum peruano ou peruano, e tampouco o abuso de poder”, acrescentou Benavides, que também denunciou que os seus colegas querem manchar a sua imagem de honestidade.
A denúncia contra Boluarte foi apresentada depois que Benavides foi acusado por uma procuradora de liderar uma suposta rede criminosa dentro da cúpula do Ministério Público, de onde exerceu tráfico de influência com o Congresso e troca de favores políticos.
Nesse contexto, Benavides disse que não vai renunciar à carga.
O MP iniciou uma investigação contra Boluarte em janeiro pelos supostos delitos de “genocídio, homicídio qualificado e lesões graves”. Em setembro, o governante comparou pela terceira vez diante dos procuradores.
Para que o Congresso aprove uma denúncia contra o presidente é necessário um processo parlamentar que pode durar até três meses.
A repressão contra os manifestantes antigovernamentais explodiu em 7 de dezembro do ano passado, quando Boluarte assumiu a Presidência, e se estendeu até março deste ano.
Nos manifestantes morreram 54 pessoas, incluindo seis soldados que se afogaram em um rio quando tentaram fugir dos camponeses que atiravam pedras contra eles em Puno, epicentro dos protestos.
De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cerca de 20 pessoas morreram pelos tiros disparados pelas forças militares enviadas para controlar as manifestações.
Boluarte era vice-presidente do Peru até que assumiu o poder em 7 de dezembro, após a destituição do esquerdista Pedro Castillo por sua tentativa frustrada de dissolver o Congresso, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte.
Castillo cumpre prisão preventiva em Lima, esperando que a Justiça decida seu eventual chamado a julgamento.