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Salmonella: o que causou mortes com melões infectados nos EUA e como evitar contaminação

Riscos podem ser minimizados, mas contaminação pode chegar ao interior da fruta e ser 'irreversível'

Pesquisadores analisaram o genoma da bactéria salmonella - Rovena Rosa / Agência Brasil

Um surto de salmonella em melões tem preocupado autoridades sanitárias dos Estados Unidos. Isso porque pelo menos duas pessoas já morreram e 99 ficaram doentes, de acordo com o "alerta de segurança alimentar" divulgado pelo CDC, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do país. Mas se a bactéria costuma ser encontrada em ovos e aves, como ela chega em frutas? Há alguma forma de impedir a contaminação em casa?

A contaminação que acontece nos Estados Unidos provavelmente tem o mesmo motivo de surtos anteriores e aconteceu antes do melão chegar às gôndolas, no processo de lavagem da fruta em grandes tanques. Como a bactéria causadora da salmonelose costuma habitar ovos, carne de aves e seus derivados, esses microrganismos podem ter usado fezes de pássaros que sobrevoam esses tanques como meio de transporte para as frutas, de acordo com o biomédico especializado em microbiologia Roberto Figueiredo.

— Frutas realizam um fenômeno físico chamado ‘uptake’: quando você as coloca em água na mesma temperatura, elas absorvem o líquido (e o que há nele) — explica o especialista.

Assim, a salmonella dos pássaros pode ter contaminado a água e entrado nas frutas por “uptake” — o mesmo motivo pelo qual se coloca flores em vasos com água, por exemplo. No preparo de frangos e ovos, essa bactéria morre durante o processo de cozimento, mas em alimentos consumidos crus, como frutas e vegetais, ela permanece viva. Por isso, o biomédico afirma que não há muito o que se possa fazer a nível domiciliar a respeito da contaminação a não ser cobrar por uma fiscalização rigorosa pelos órgãos de controle sanitário.

Nos EUA, diversos melões já foram recolhidos dos mercados pelo país. A CDC pediu para que as empresas responsáveis não vendam ou sirvam essas frutas e nem produtos feitos com elas. O órgão também orientou para a lavagem e higienização de itens e superfícies que estiveram em contato com os melões recolhidos.

Em casa, é possível minimizar os riscos da chamada “contaminação cruzada”, que ocorre quando as bactérias de um alimento vão parar em outro. Para isso, a mestre em Nutrição Humana Priscilla Primi aconselha a sempre lavar as mãos antes, durante e depois da manipulação de alimentos; lavar bem legumes, verduras e frutas com solução de água sanitária; evitar carne crua ou mal cozida, assim como ovos, e sempre consumir alimentos em locais que se preocupam com a higiene. Também não é aconselhado lavar ovos ou galinha, pois microrganismos “adoram” o ambiente úmido e a lavagem pode espalhar a bactéria em cerca de 1 a 2 metros do local onde está, como destaca Roberto.

A gastroenterite provocada pela salmonella pode ser mortal, sobretudo em pessoas imunodeprimidas, crianças e idosos, que têm o sistema imunológico mais enfraquecido, como lembra Priscilla.

No surto que acomete os EUA, a maioria das pessoas infectadas apresenta diarreia, febre e cólicas estomacais — sintomas que geralmente começam de 6 horas a 6 dias após a ingestão da bactéria. A maioria das pessoas se recupera, sem a necessidade de um tratamento, após 4 a 7 dias, segundo o CDC.