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Lula defende entrada da Arábia Saudita no Brics e diz que é para "fortalecer" e "mudar faceta"

Brasil tem defendido que instituições multilaterais de crédito deem prioridade às necessidades das nações em desenvolvimento e estudem formas de renegociação de dívidas

Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (29) que disse ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman, que a entrada do país no Brics "leva em conta" que é preciso "ajudar a fortalecer o Banco dos Brics" para "mudar a faceta dos bancos multilaterais".

Durante discurso em encontro com empresários na Arábia Saudita, Lula afirmou que é preciso fazer com os bancos financiem o desenvolvimento de países mais pobres "sem taxas de juros escorchantes" que impedem "qualquer possibilidade de investimento dos países".

"O Brasil vai reunir em 2025 os Brics, que é um fórum criado há pouco tempo que tenho o imenso prazer de ter cumprimentado sua alteza, o príncipe herdeiro, pelo fato da Arábia Saudita ser o mais novo membro dos Brics, inclusive disse ao príncipe herdeiro que a entrada da Arábia Saudita nos Brics leva em conta que a Arábia Saudita precisa ajudar a fortalecer o banco dos Brics para que a gente possa mudar a faceta dos bancos multilaterais, para que eles possam tratar de financiar o desenvolvimento dos países mais pobres sem taxas de juros escorchantes que termina por matar qualquer possibilidade de investimento dos países"

O Brasil defende que instituições multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, deem prioridade às necessidades das nações em desenvolvimento, sobretudo na área de infraestrutura, e estudem formas de renegociação de dívidas de países em dificuldades, como a Argentina. Lula já afirmou em outras ocasiões que o Brasil na presidência do G20, que começa no dia 1º de dezembro, "vai fazer essa grande discussão".

A entrada da Arábia Saudita no Brics foi anunciada em agosto, junto com Argentina, Emirados Árabes Unidos, Egito, Irá e Etiópia, durante a cúpula com líderes do bloco, em Johannesburgo.

Ainda durante o encontro com empresários, Lula afirmou que espera que o Brasil seja reconhecido no futuro como a Arábia Saudita da energia verde, em referência ao peso do país na produção de petróleo e gás.

"Eu quero aproveitar esse fórum em novembro de 2023 para dizer aqui na Arábia Saudita que daqui a dez anos o mundo vai dizer que se a Arábia Saudita é o país mais importante da produção de petróleo e gás, daqui a dez anos o Brasil será chamado a Arábia Saudita da energia verde, da energia renovável, porque é para isso que nós estamos trabalhando."

Ao ressaltar a importância da parceria entre os dois países, Lula citou como um possível exemplo uma parceria entre a Petrobras e a Arábia Saudita para a produção de fertilizante, dando uma "garantia ao mundo com a incerteza criada pela guerra entre Rússia e Ucrânia".

"É esse desafio que queremos fazer aos nossos amigos da Arábia Saudita. É que vocês construam parcerias com os nossos empresários para que as empresas brasileiras gerem desenvolvimento no Brasil e na Arábia Saudita, emprego e que a gente possa vender ao mundo as coisas com melhor qualidadec[...] que os nossos empresários viagem para a Arábia Saudita e discuta com os empresários, por exemplo, a gente poderia fazer investimentos cruzados entre a nossa Petrobras e empresas da Arábia Saudita para produzir fertilizantes e dar uma garantia ao mundo com a incerteza criada entre a guerra da Rússia e da Ucrânia. Estamos falando em crescimento econômico e desenvolvimento enquanto parte do mundo fala em guerra."

Haddad defende parceria
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu um estreitamento da parceria entre Brasil e Arábia Saudita. Para Haddad, a relação entre os dois países vai “prosperar muito além do que podemos imaginar neste momento”.

"Nós temos um papel fundamental de dar suporte às nossas lideranças, tanto no Brasil quanto na Arábia Saudita, no âmbito do G20, no âmbito dos Brics, para fortalecer os laços econômicos. E também colocar diante de nós, sobretudo no G20, uma perspectiva de estabilização regional e internacional" comenta o chefe da equipe econômica.