Pesquisa comprova: receita para virar bilionário no último ano foi... nascer rico
Pela 1ª vez em nove anos, os que herdaram fortuna da família superaram a riqueza dos que enriqueceram empreendendo
Os herdeiros que entraram para o ranking dos mais ricos do mundo no ano passado acumularam mais riqueza do que os bilionários que enriqueceram por conta própria, em um sinal de que a transferência de fortunas familiares está se tornando um fator cada vez maior na distribuição da riqueza, aponta estudo do UBS Group.
Das 137 pessoas que se tornaram bilionárias nos 12 meses até abril deste ano, 53 herdaram fortunas no valor total de US$ 150,8 bilhões, conforme o estudo publicado nesta quinta-feira (30). Embora o número de bilionários que fizeram sua fortuna empreendendo tenha sido maior, os 84 indivíduos que entraram para a lista acumularam apenas US$ 140,7 bilhões.
Essa foi a primeira vez, desde que o UBS começou a compilar o relatório há nove anos, que os novos bilionários herdaram mais riqueza do que criaram.
Os resultados se somam às evidências de uma mudança histórica, à medida que os empreendedores bilionários que durante três décadas se beneficiaram do boom tecnológico, da expansão do mercado financeiro, do mercado imobiliário em alta e do crescimento das economias emergentes se preparam para entregar suas fortunas. Nos próximos 20 a 30 anos, o UBS disse que mais de mil bilionários devem passar cerca de US$ 5,2 trilhões para a próxima geração.
"Essa grande transferência de riqueza já era esperada há muito tempo", mas agora está "em andamento e ganhando impulso", escreveu o UBS no relatório.
Embora os empreendedores ainda dominem o topo do Índice de Bilionários da Bloomberg, muitos estão chegando à idade de pensar em sucessão. Na China, uma nova onda de herdeiros bilionários está assumindo o comando das empresas de suas famílias. Na Europa, Mark Mateschitz tornou-se o millennial mais rico da região este ano, depois de herdar uma participação de 49% na maior empresa de bebidas energéticas do mundo, a Red Bull GmbH.
A iminente transferência de patrimônio é "a maior oportunidade para uma empresa como o UBS", disse Benjamin Cavalli, diretor de clientes estratégicos de gestão de patrimônio global do banco.
Globalmente, o número de bilionários aumentou 7% em relação ao ano anterior, embora a comunidade dos mais ricos continue menor do que no pico em 2021, acrescentou o UBS. O relatório baseia-se em dados compilados pelo UBS e pela PwC e abrange os 12 meses até 6 de abril.
O UBS também pesquisou seus próprios clientes para o estudo, sendo que 79 responderam. A pesquisa mostrou que os bilionários da primeira geração estão mais preocupados com os riscos geopolíticos e com uma possível recessão nos EUA, enquanto as gerações posteriores citam a perspectiva de inflação como o principal risco para seus negócios. A maioria concordou que a IA é "uma das maiores oportunidades comerciais", segundo o relatório.