ONU prevê que 2023 seja o ano mais quente já registrado
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, estes recordes de temperatura deveriam "fazer os líderes mundiais suarem frio"
O ano de 2023 pode ser o mais quente já registrado e bater vários recordes, anunciou nesta quinta-feira (30) a ONU, exigindo medidas urgentes para conter o aquecimento global.
"Os gases de efeito estufa estão em níveis recordes. As temperaturas globais estão batendo recordes. O mar está em níveis recordes e a camada de gelo marinho da Antártica nunca foi tão fina", disse o chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Petteri Taalas.
Estas declarações coincidem com a abertura da COP28, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, celebrada este ano em Dubai, num contexto de incerteza quanto ao desafio da transição energética.
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, estes recordes de temperatura deveriam “fazer os líderes mundiais suarem frio”.
Os cientistas alertaram que a capacidade de limitar o aquecimento global a um nível controlável está se perdendo.
A COP21 decisiva em Paris, em 2015, colocou o objetivo de limitar o aquecimento global a um nível bem inferior a 2°C em comparação com a era pré-industrial e, se possível, limitar o aumento a 1,5°C.
No final de outubro de 2023, porém, já estava em torno de 1,4 ºC em comparação com os níveis pré-industriais médios entre 1850 e 1900.
"Mais que simples estatísticas"
A OMM realizou alguns meses para publicar o seu relatório final sobre o estado do clima, mas já está convencida de que 2023 estará no topo do pódio dos anos mais quentes, à frente de 2016 e 2020, com base nas temperaturas de janeiro a outubro.
“É muito provável que os últimos dois meses tenham afetado a classificação”, afirmou a organização.
“Isto é mais do que apenas estatísticas”, alertou Taalas. “Corremos o risco de perder a corrida para salvar nossas geleiras e frear o aumento do nível do mar”, disse ele.
“Não podemos voltar ao clima do século XX, mas devemos agir agora para limitar os riscos de um clima cada vez mais inóspito ao longo deste século e dos séculos seguintes”, destacou.
Todos estes registros têm consequências socioeconômicas dramáticas, como a redução da segurança alimentar e as migrações em massa.
“Este ano vimos comunidades em todo o mundo atingidas por incêndios, inundações e temperaturas extremas”, recordou António Guterres em mensagem de vídeo.
Guterres apelou aos líderes reunidos em Dubai para que se comprometessem a tomar medidas drásticas para conter as mudanças climáticas, especialmente eliminando progressivamente os combustíveis fósseis e triplicando a capacidade de energia renovável.