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Onda de calor pode comprometer funções vitais; saiba como se proteger e evitar riscos à saúde

Exposição prolongada pode provocar inúmeros efeitos no organismo, incluindo situações mais graves, capazes de levar à hospitalização

Calor - Divulgação

O aumento das temperaturas acende um importante alerta sobre o impacto direto das condições climáticas na saúde, principalmente nos sistemas vascular e respiratório, que são os mais afetados, principalmente em regiões de clima seco.

O médico da família Arthur Zanolla e o pneumologista do Hospital das Clínicas e professor de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) José Angelo Rizzo dão dicas de como se proteger.

Segundo os especialistas, o calor muda a forma como o corpo humano funciona e compromete a execução de várias funções vitais. A exposição prolongada pode provocar inúmeros efeitos no organismo, incluindo situações mais graves, capazes de levar à hospitalização.

"Pode resultar em exaustão, insolação e hipertermia. De acordo com os estudos realizados nas ondas de calor que atingiram a Europa nos últimos anos, este fenômeno está associado a um aumento do risco de morte, especialmente entre pessoas portadoras de doenças cardiovasculares e pulmonares”, destacou Zanolla.

Nessa quinta-feira (30), a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que 2023 pode ser o mais quente já registrado e pediu medidas urgentes para conter o aquecimento global.

Segundo o médico pneumologista José Angelo Rizzo, o calor compromete as funções vitais.

"O coração sofre, o cérebro sofre, os músculos sofrem, os rins sofrem. Mas uma hidratação adequada resolve tudo isso", informou Rizzo.
 

No Recife e Região Metropolitana, é forte a presença de umidade no ar, o que favorece a população local contra doenças respiratórias.

"Nesse período, do ponto de vista respiratório, não há grandes comprometimentos, até porque a gente não tem um calor absurdo de 40°C, 45°C. Na nossa cidade [Recife], a umidade já é bastante alta. Mesmo quando não chove, a gente está em torno de 70%, 75%. Quando chove, isso pode chegar a mais de 90% [de umidade do ar]", destacou o médico pneumologista.

Médico pneumologista do Hospital das Clínicas e professor de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) José Angelo Rizzo | Foto: Divulgação

Apesar disso, o especialista ressalta que a população precisa ter cuidado com a pele, por conta dos cânceres que podem ser provocados pela exposição excessiva ao sol, e indica proteção com chapéu, roupa de proteção solar, protetor e ingestão de líquido. 

"Uma medida bem simples pra você ter uma ideia de a quantas anda a sua hidratação é a cor do xixi. Quando a urina tiver clarinha, isso significa que você tá bem hidratado. Quando você tem a urina mais escura, mais amarela, significa que você tá precisando tomar mais água", alerta Rizzo, informando que os cuidados precisam ser mais intensos com pessoas idosas.
 
O médico da família Arthur Zanolla ressalta que a baixa umidade relativa do ar em regiões como Centro-Oeste, por exemplo, pode elevar problemas respiratórios e provocar ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz.

“Essa baixa umidade significa menos partículas de água dispersas no ar que respiramos. Na prática, isso quer dizer que substâncias poluentes permanecem flutuando por mais tempo, gerando consequências principalmente para pessoas portadoras de doenças respiratórias", afirmou Zanolla.

Tosse persistente, falta de ar e sangramentos nasais são alguns sinais de que o ar seco pode estar fazendo mal, alerta o médico da família, que destaca a importância de procurar assistência médica em caso de persistência dos sintomas.

Arthur Zanolla explica que os problemas provocados pelo calor podem ser categorizados em leves, moderados e graves. Entre os leves estão o eczema (conhecido como brotoeja), o inchaço das pernas e sintomas relacionados à redução da pressão arterial. 
 

“Esses problemas podem ser resolvidos de forma simples, retirando a pessoa do ambiente com exposição ao calor e refrescando a pele”, comentou o médico da rede de clínicas Meu Doutor Novamed, em Belo Horizonte.

Médico de família Arthur Zanolla. Foto: Divulgação

Ele explica que, entre as complicações consideradas moderadas, estão as cãibras, causadas pela desidratação e pela falta de sais minerais no corpo. Já entre as graves, estão a exaustão pelo calor, que consiste na desidratação intensa, causando fraqueza e sensação de desmaio persistente.

Cuidados essenciais 
Para evitar maiores complicações na temporada de calor forte, o médico Arthur Zanolla enumera alguns cuidados básicos:

1. Mantenha sua casa e seu local de trabalho frescos, com janelas abertas para promover a circulação do ar, ventiladores e aparelhos de ar-condicionado. A temperatura interna não deve ultrapassar 32º C.
 
2. Evite atividades físicas intensas em local aberto. Busque realizá-las no período mais fresco do dia (antes das 7h da manhã) e evite se expor ao calor nos momentos mais quentes do dia (entre 10h e 15h).
 
3. Beba bastante água e o máximo de líquidos frios possível, caso não tenha contraindicação médica para essa ingestão. Importante lembrar que bebidas à base de cafeína e álcool podem provocar desidratação.
 
4. Ondas de calor são momentos em que pessoas com fatores de risco ficam mais vulneráveis. Confira se familiares e vizinhos idosos que vivam sozinhos estão se cuidando adequadamente
 
5. Outro ponto de atenção é a aceleração da decomposição dos alimentos, aumentando o risco de intoxicação alimentar e transmissão de doenças. Deve-se buscar refeições leves, com alimentos frescos.