Brasil não assumirá nenhum compromisso com corte de produção, diz Silveira sobre convite da Opep+
País foi convidado a participar do grupo de aliados da organização
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta quinta-feira (30) que o Brasil "não vai assumir nenhum compromisso com cortes de produção" de petróleo, ao comentar o convite feito na Arábia Saudita para que o país passe a integrar a Opep+, grupo de países paralelo à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O convite foi feito na quarta-feira (29), durante a passagem de Lula por Riad, capital da Arábia Saudita. E formalizado por meio de uma carta, que o ministro recebeu, ao chegar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Dubai, onde participará da COP28.
Silveira participou de uma teleconferência com os árabes na qual tratou do assunto.
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"Na minha fala com eles, eu deixo bem claro que existe um caminho a se percorrer, que é a análise dos termos da Opep+. E, na Opep+, está claro que os membros não têm compromisso com corte de produçao, mas partilham de uma plataforma de discussão. Eu quero analisar (o convite) com profundidade, os termos da Opep+, para ver o custo-benefício para o Brasil", afirmou.
E acrescentou:
"Nós vamos analisar, porque o Brasil não assumirá nenhum compromisso de corte de produção. O Brasil quer um país cada vez mais competitivo do ponto de vista dos preços dos combustíveis."
Segundo Silveira, "a disposição do presidente Lula é ouvir o ministro de Minas e Energia sobre a possibilidade e qual seria a melhor estratégia para o Brasil" sobre integrar ou não a Opep+.
Silveira afirmou que o ingresso na entidade é "uma decisão de governo", que não passa pelo Congresso.
A Opep+ inclui "países aliados" da Opep. Eles não são membros plenos da organização, mas atuam de forma conjunta em políticas ligadas ao comércio de petróleo e na mediação entre membros e não membros.
Mais cedo, em teleconferência com integrantes da Opep, Silveira afirmou que "o presidente Lula confirmou a nossa carta de cooperação da Opep+ a partir de janeiro de 2024".
"Este é um momento histórico para o Brasil e a indústria energética, abrindo um novo capítulo de diálogo e cooperação internacional do campo de energia", afirmou.
Corte de produção
O ministro também foi questionado sobre o corte de produção anunciado hoje pela Opep, defendendo que o Brasil "tenha preços cada vez mais competitivos" e afirmando que o valor negociado hoje no Brasil "está completamente descolado do mercado internacional".
"A política que eu tenho defendido no Brasil é que o país tenha preços cada vez mais competitivos para poder estimular a economia nacional, continuar estimulando redução de juros e, consequentemente, o emprego e geração de emprego e renda. Todos sabem que o preço dos combustíveis impacta a vida das pessoas", disse.
Questionado sobre o impacto de uma eventual alta do petróleo no Brasil, ele disse que não necessariamente os preços internos subirão.
"O Brasil tem uma produção de petróleo que nós sabemos inclusive que é superavitária. O preço de combustível no Brasil, essa foi a política de abrasileiramento dos preços, está completamente descolado do preço internacional", afirmou.
*Do Valor