Alckmin e Tebet ficam isolados na defesa da divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública
Ideia de recriar o Ministério da Segurança Pública foi abandonada pelo PT e auxiliares do presidente Lula apostam que ele não deve levar a proposta adiante
Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendida pelo PT, a ideia de recriar o Ministério da Segurança Pública foi abandonada pelo partido. Dos principais nomes do governo, hoje apenas o vice-presidente, Geraldo Alckmin, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, são favoráveis ao desmembramento da pasta da Justiça.
Tebet é uma das cotadas para assumir o lugar do atual ministro da Justiça, Flávio Dino. A discussão voltou a entrar em debate nos últimos dias com a indicação de Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Ministros palacianos têm defendido a manutenção do modelo atual. A discussão chegou a dividir a equipe de transição do governo, mas Lula foi convencido por Dino a manter as áreas de Justiça e Segurança Pública juntas.
Com as crises da segurança pública da Bahia e do Rio, no começo de outubro, lideranças petistas voltaram a se articular em favor da separação. No fim daquele mês, Lula chegou a admitir em sua live semanal que avaliava recriar o ministério.
A saída de Dino para o Supremo poderia facilitar o caminho do presidente para colocar a ideia em prática, já que não teria que reduzir o poder do atual ministro da Justiça. Mas nos últimos dias, auxiliares de Lula na área jurídica passaram a apostar que o mandatário não levará o plano adiante.
Lideranças petistas também pararam de colocar o tema em discussão porque enxergam que há maior chance de Ricardo Cappelli, atual secretário-executivo e braço direito de Dino na Justiça, se tornar ministro da Segurança Pública. Se o formato atual for mantido, as chances de Capelli seriam mínimas, porque ele não é formado em Direito. Cappelli enfrenta forte resistência no PT por causa de embates feitos com o partido ao longo de sua carreira.
As discussões sobre a divisão devem ser retomadas no fim da próxima semana, quando Lula voltará a Brasília depois de participar da COP 28, nos Emirados Árabes, e da cúpula do Mercosul no Rio.
Auxiliares do presidente enxergam interesse de Tebet em trocar de ministério. A atual titular da pasta do Planejamento foi professora de Direito e atua na área.
Nesta semana, o líder do PSB na Câmara, Felipe Carreras, anunciou que o partido indicaria a Lula o nome de Cappelli para substituir Dino. Reservadamente, lideranças da sigla, porém, reconhecem que há pouca possibilidade de a legenda ficar com um ministério. O movimento teria como objetivo de fundo permitir que o PSB mantivesse o comando de algumas das secretarias do Ministério da Justiça. Hoje, três secretarias são ocupadas por nomes da sigla.
Dino, que é filiado ao PSB, deve permanecer no ministério até a sua indicação ser aprovada no Senado. A sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa foi marcada para o dia 13 de dezembro. Em seguida, ele precisa ser aprovado pelos integrantes da CCJ e pelo plenário.