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Bilionário diz que não vai investir mais dinheiro em empresa que leva turistas ao espaço

Virgin Galactic realizou segunda missão com turistas em agosto, mas passa por reestruturação e reduz ritmo de operação comercial

Richard Branson (no centro), entre os funcionários da Virgin Galactic que embarcaram na primeira viagem como passageiros de sua nave VSS Unity - Virgin Galactic / Divulgação

O bilionário dono da empresa de turismo espacial Virgin Galactic afirmou não ter planos de investir mais dinheiro na empreitada. A declaração do britânico Richard Branson preocupou investidores e derrubou o preço das ações da companhia, que chegaram a cair 16% e ser negociadas abaixo de US$ 2 nesta segunda-feira.

Após anos de projetos e espera, a empresa de Richard Branson completou este ano duas missões ao espaço. A primeira, realizada em junho, levou integrantes da Força Aérea Italiana e do Conselho Nacional de Pesquisa da Itália para experimentos sobre microgravidade. Já em agosto a companhia fez a segunda viagem, totalmente comercial, com três turistas e uma instrutora.

Apesar do sucesso em ambas as missões, a Virgin Galactic também precisou passar, este ano, por uma reestruturação. De acordo com a CNN, a empresa acaba de demitir 18% de seu pessoal (185 pessoas) e trabalha para introduzir uma nova linha de naves espaciais suborbitais. A ideia é substituir a nave que demorou mais uma década para ser desenvolvida.

Segundo Brandon, a companhia tem "fundos suficientes". Artigo do "Financial Times" afirma que, para o bilionário, a situação financeira da empresa se deve a desafios decorrentes da pandemia de Covid-19.

"A Virgin Galactic recebeu US$ 1 bilhão, ou quase" disse ele ao Times. "Acredito que deveria ter fundos suficientes para fazer o seu trabalho por conta própria".

A nova linha de naves deve ficar pronta para voos em 2026, segundo a Virgin Galactic. Até lá, não deve haver qualquer aporte do bilionário. O último relatório financeiro da empresa, datado de novembro, cita cerca de US$ 1,1 bilhão em dinheiro e títulos, aponta CNN.

No relatório, a empresa disse que iria desacelerar o ritmo da operação comercial e enviar clientes ao espaço trimestralmente (não uma vez por mês, como previam inicialmente).

Operação comercial é esperada há anos
Entre os passageiros, no voo de agosto, estavam o ex-atleta olímpico britânico Jon Goodwin, a empreendedora caribenha Keisha Schahaff e a filha dela, a estudante Anastatia Mayers (a pessoa mais jovem a ir ao espaço até hoje). Antes das viagens comerciais, a empresa havia cumprido cinco missões, mas apenas com funcionários.

O início das operações comerciais era esperado há muitos anos. Cerca de 800 clientes já compraram passagens com preços que variam de US$ 200 mil a US$ 250 mil por passageiro e podem chegar a US$ 450 mil.

O programa espacial da Virgin Galactic também se atrasou por anos devido, entre outros fatores, a um acidente em 2014 no qual um piloto morreu.

A empresa concorre com a Blue Origin, do bilionário Jeff Bezos, que também oferece voos suborbitais curtos e já enviou mais de 30 pessoas ao espaço. Mas o foguete do fundador da Amazon foi firmado em solo desde um acidente em setembro de 2022 durante um voo não tripulado. Em março, a Blue Origin prometeu retomar os voos espaciais "em breve".