Morre mulher que teve câncer confundido com menstruação no Reino Unido

Kelly Pendry tinha 42 anos e teve o câncer negligenciado por médicos

Kelly Pendry - reprodução/Facebook

Uma mulher que se manifestou após ser informada de que seu câncer terminal era devido a períodos menstruais intensos faleceu no último domingo (3). Kelly Pendry, de 42 anos, foi diagnosticada com leiomiossarcoma uterino cinco anos após os sintomas iniciais. Ela morava em Ewloe, no País de Gales, no Reino Unido, com o marido e seus dois filhos. Durante o tratamento doença, Kelly era ativa nas redes sociais e incentivava mulheres a exigirem investigações adicionais de seus médicos.

Kelly começou a enfrentar "períodos menstruais intensos e prolongados" e "muita dor", em 2016, dois anos após o nascimento de sua filha. Ela foi ao médico, mas a justificativa a acalmou.

— Disseram-me que o corpo pode levar até três anos para se recuperar após a gravidez. Fiquei pensando comigo mesmo: 'Vai melhorar. Vai melhorar.' E então simplesmente não funcionou — lembrou a mãe ao Today.com, em março.

Inicialmente, foi recomendado que Kelly Pendry tomasse anticoncepcionais, colocasse um dispositivo intrauterino (DIU) ou tomasse antidepressivos. Um médico chegou a afirmar que os períodos prolongados e intensos de Kelly eram resultado da "normalização do corpo" após a gravidez.
 

Os sangramentos de Kelly ficaram mais intensos e os médicos chegaram a cogitar que ela tivesse miomas, que são crescimentos normalmente inofensivos no útero. Ela chegou a agendar uma histerectomia, em 2020, para interromper seus sintomas, que precisou ser adiada pela pandemia de Covid-19.

Em 2021, exames adicionais revelaram que Kelly tinha leiomiossarcoma uterino em estágio 4, um câncer raro dos músculos lisos do útero.

— Eu fui a um médico que nem me disse que eu tinha câncer. Era uma palavra que eles pareciam se recusar a usar. Fui eu quem teve que dizer: 'Eu tenho câncer?' e ele disse: 'Ah, sim, você tem' — contou, em entrevista.

O câncer se espalhou para seus pulmões, peito e gânglios linfáticos. O leiomiossarcoma uterino afeta, aproximadamente, cinco em cada mil mulheres com miomas. Geralmente, é diagnosticado quando uma mulher passa por uma histerectomia para remover os crescimentos.

Mesmo se detectado precocemente, apenas cerca de metade das mulheres que desenvolvem o câncer vive mais de cinco anos. Quando o diagnóstico é tardio, as chances de sobrevivência diminuem drasticamente. Aproximadamente 600 pessoas no Reino Unido são diagnosticadas com esse câncer a cada ano.

"O que poderia ter sido?"
Kelly Pendry quis fazer memórias com seus dois filhos Sam (10) e Isla (8), após o diagnóstico. Ela também quis alertar outras mulheres que poderiam estar em sua situação para não se deixarem desencorajar por médicos que ignoram sintomas preocupantes e exigir investigações adicionais.

— Inevitavelmente, pensei no que poderia ter sido, se a doença tivesse sido detectada mais cedo. Quero que as pessoas conheçam minha história, porque miomas são comuns e não quero que o que aconteceu comigo ocorra com mais ninguém — disse, anteriormente.

"Lutou até o fim"
O marido de Kelly, Michael, fez uma página no Facebook para atualizar as pessoas sobre a situação da esposa. Ele chegou a arrecadar o equivalente a, aproximadamente, R$ 470 mil para conseguir um tratamento para a esposa nos EUA e prolongar a sua vida.

No dia 23 de novembro, Michael publicou que ele teria que dar uma atualização que não gostaria.

"Descobrimos esta semana que o câncer de Kelly se desenvolveu mais. Conversamos com o oncologista de Kelly e ele disse que não havia mais o que fazer. Ele a deu semanas de vida", escreveu.

Nesta segunda, Michael Pendry informou que a esposa havia partido.

"No domingo, por volta de 4h10, minha linda esposa foi tirada de nós. Kelly lutou até o fim, com um espírito e força incríveis, como sempre. Palavras não conseguem descrever o quão devastado me senti, mas também muito orgulhoso por ter sido o seu marido. Descanse em paz, meu anjo. Eu te amo", publicou.

Michael também informou que os fundos arrecadados do tratamento restantes serão doados para caridade, a fim de ajudar outras pessoas na situação de sua esposa.