Educação

Como Singapura dominou as melhores notas do Pisa

Ex-colônia britânica desenvolveu método para ensinar Matemática em que dedica mais tempo para menos conteúdo e tem concorrido instituto de formação de professores

National Institute of Education é a única instituição de formação de professores em Singapura - Divulgação

Primeiro lugar em todas as avaliações do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), Singapura foi uma colônia britânica formada majoritariamente por pescadores na década de 1960 para se tornar uma potência mundial de aprendizagem.

Neste ano, o país que mantém o desempenho alto desde 2009 (sua primeira participação no teste), conquistou 575 pontos em Matemática, 543 em Leitura e 561 em Ciências.

Com investimento prioritário em professores e estudantes, o país antecipou políticas como educação bilíngue e abordagem em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (Stem). A partir da década de 90, fortaleceu o caminho para abordagens de excelência nas humanidades, nas artes e nos esportes.

Seu jeito de ensinar Matemática dedica mais tempo a menos assuntos, para garantir que as crianças dominem o material através de instruções detalhadas, perguntas, resolução de problemas e ajudas visuais e práticas, como blocos, cartões e gráficos de barra. Sem que uma etapa tenha sido atingida, a turma não progride. A metodologia passou a influenciar escolas dos Estados Unidos há quase 15 anos.

Com isso, estudantes provenientes de lares com estatuto socioeconômico mais baixo também garantem bom desempenho. Mesmo esses tiveram pontuação maior do que a média da OCDE para todos os três domínios no Pisa 2022, feito que já havia sido conquistado em 2018.

Esses resultados têm ligação também com o projeto "Uplift", do Ministério de Educação de Singapura, além das medidas de reforço de recursos em instituições de ensino que tenham indicadores de baixo rendimento educacional e alunos em situação de vulnerabilidade.

A iniciativa "Uplift", nome abreviado do projeto "Grupo de trabalho edificando alunos na vida e inspirando famílias" (tradução livre), visa realizar um mapeamento de problemas enfrentados por alunos de classes sociais baixas e que apresentem baixo rendimento escolar para gerar soluções práticas e aplicáveis na rotina escolar. Entre os benefícios oferecidos aos estudantes, está a chamada "Bolsa Uplift", que premia alunos de baixa renda que tenham bom desempenho acadêmico em áreas do conhecimento específicas.

Também existem escolas especializadas para alunos com baixo desempenho. Elas oferecem cursos básicos em matemática e alfabetização, juntamente com ofertas vocacionais que levam a certificados de habilidades e amplos apoios sociais.

Outro trunfo do país de apenas cinco milhões de habitantes é a concentração em um único instituto de formação de professores do país, com um rigoroso processo de seleção — apenas um a cada oito candidatos é aprovado — de candidatos atraídos por salários competitivos e grande valorização na sociedade.

Os professores podem participar em até 100 horas de desenvolvimento profissional financiado pelo governo por ano e existem sistemas de progressão na carreira que docentes, enquanto ainda dão aulas, são designados a estruturar sistema de mentorias com seus pares menos experientes e são responsáveis para que o desenvolvimento curricular seja liderado por aqueles que melhor conhecem o ensino e a aprendizagem.