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Biden diz que poderia desistir de reeleição nos EUA se Trump não fosse candidato

Democrata afirmou que impedir a vitória do republicano foi sua motivação no passado, e que ex-presidente representa "perigo à democracia"

Trump x Biden - SERGIO FLORES, BRENDAN SMIALOWSKIAFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta terça-feira que “se Donald Trump não fosse candidato”, ele talvez não se candidatasse para um segundo mandato nas eleições de 2024. Impedir a vitória do republicano, que ele considera um perigo para a democracia, foi sua motivação para ingressar na corrida presidencial há quatro anos. Biden venceu Trump, mas tudo indica que a batalha se repetirá.

"Temos que conseguir isso, não por mim. Se Trump não concorresse, não tenho certeza se eu concorreria. Mas não podemos deixá-lo ganhar, pelo bem do país" disse ele em evento de angariação de fundos em Weston, Massachusetts, na residência de Alan Solomont, um doador democrata que foi embaixador na Espanha e preside a Câmara de Comércio Estados Unidos-Espanha.

Na campanha das eleições de 2020, Biden se autodenominou “um candidato de transição”. O democrata acabou de completar 81 anos, e terminaria um eventual segundo mandato com 86. Devido à sua idade, deu-se mais importância do que o normal à sua escolha para a vice-presidência, que após uma longa espera recaiu sobre Kamala Harris. Especulava-se que quem ocupasse esse cargo pudesse concorrer à presidência, uma vez que Trump tivesse desaparecido da cena política.

No entanto, o ex-presidente não apenas se fixou na ideia de que as eleições foram roubadas dele, mas convenceu a grande maioria dos eleitores republicanos de que isso era verdade. Favorito nas primárias republicanas, ele também lidera as pesquisas para as eleições presidenciais. Ao mesmo tempo, a figura de Kamala Harris não se consolidou, e Biden acredita que quem mais tem chances de derrotar Trump é ele mesmo, novamente.

"Eu o conheço bem. Sei do perigo que ele representa para a nossa democracia. E já passamos por isso antes" disse Biden em abril durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca.

Desde o início da campanha pela reeleição, ele tem reiterado a mensagem. Nesta terça-feira, porém, foi a primeira vez que Biden sugeriu explicitamente que talvez não tivesse se apresentado para um segundo mandato se não fosse por Trump. Na ocasião, ele afirmou que sempre irá “defender, proteger e lutar pela democracia”, e que “é por isso” que está concorrendo. Posteriormente, Biden esclareceu que, a esta altura, não retiraria a sua candidatura mesmo que seu rival o fizesse.

"Não acredito que ninguém duvide que a democracia está mais em perigo em 2024 do que em 2020. E estou falando sério. Porque desta vez enfrentamos um negacionista das eleições" disse Biden. "Sejamos claros sobre o que está em jogo em 2024. Donald Trump e seus republicanos estão determinados a destruir a democracia americana".

Na sequência, ele afirmou que “basta ouvir o que [Trump] diz aos seus apoiadores”, quando indica que “2024 é a batalha final”. Para Biden, o adversário “continua dizendo” que “é a vingança”, e que, se os democratas ganharem, os Estados Unidos “não serão mais um país”. Em outro evento, o presidente declarou que “Trump não está escondendo suas intenções”, referindo-se ao rival como o “ex-presidente derrotado”.

Trump prometeu abertamente perseguir seus rivais políticos se voltar para a Casa Branca, como vingança por suas próprias acusações. Em novembro, o ex-presidente afirmou que seus adversários políticos “fizeram algo que permite ao próximo partido [uma ação semelhante]”. Disse, ainda, que “se for presidente e ver alguém indo bem” e o vencendo, dirá “vá e acuse-o”.