MERCOSUL

Negociações UE-Mercosul seguem e aguardam Milei, diz diplomata europeu

A UE e o Mercosul ainda não fecharam sua parceria comercial devido a desacordos sobre questões ambientais e agrícolas, especialmente entre a França e o Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia

Presidente da Argentina, Javier Milei - Luís Robayo/AFP

As negociações para um acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul continuam, enquanto aguardam a posse de Javier Milei como presidente da Argentina no domingo, disse nesta quarta-feira (6) o embaixador da UE no Uruguai, Paolo Berizzi.

Um dia antes da cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro, e em meio a fortes resistências para finalizar o pacto acordado em linhas gerais em 2019 após duas décadas de conversas, Berizzi destacou que o diálogo ganhou impulso, mas é preciso esperar a mudança de liderança na Argentina com a chegada do ultraliberal Milei.

"Não faz muito sentido avançar em temas mais complexos tendo um negociador saindo da mesa e sabendo que, em cinco dias, assume um novo governo na Argentina. Esperamos 22 ou 23 anos, podemos esperar mais uma semana para ver a posição do novo governo", declarou Berizzi aos jornalistas.

"Do lado europeu, [estamos] tranquilos, dispostos a trabalhar, confiantes no futuro. Estamos verdadeiramente mais próximos do que nunca, vamos tentar dar os últimos passos para fechar", acrescentou.

A UE e o Mercosul ainda não fecharam sua parceria comercial devido a desacordos sobre questões ambientais e agrícolas, especialmente entre a França e o Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia, fundamental na luta contra a mudança climática.

Berizzi não especulou sobre a possibilidade de alcançar um acordo antes do final do ano, mas apontou progressos.

Perguntado sobre a posição do presidente francês, Emmanuel Macron, que afirmou no sábado em Dubai que o acordo está "mal remendado" e não leva “em consideração a biodiversidade e o clima”, Berizzi enfatizou que a França não está sentada à mesa de discussão.

"A negociação ocorre entre os países do Mercosul, que são quatro, e a Comissão Europeia, que recebeu um mandato do Conselho da União Europeia, ou seja, dos 27 Estados europeus. Portanto, a bola está no campo da Comissão Europeia e dos negociadores do Mercosul. Depois veremos", indicou.

Berizzi falou com jornalistas durante um evento para a assinatura de contratos com organizações da sociedade civil uruguaia para projetos de agroecologia e biodiversidade.