BRASIL

Dino pode desempatar julgamento sobre restrição a indicações de políticos para estatais

Ministro da Justiça foi indicado ao STF, mas nomeação ainda precisa ser confirmada pelo Senado

Lula e Dino durante evento - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Justiça, Flávio Dino, caso seja aprovado pelo Senado, deverá ser o voto decisivo para o governo petista no julgamento sobre restrições a políticos para cargos nas estatais. A avaliação é feita nos bastidores da Corte, segundo O Globo apurou.

Na avaliação de integrantes do STF, caberá ao futuro ministro o voto de desempate no julgamento que pode vir a suspender trechos da Lei das Estatais que tratam das restrições a políticos, impactando no atual desenho dado pelo governo ao comando, por exemplo, de Petrobras e Banco do Nordeste.

Isto porque, hoje, o atual mapa de votos sugere um empate. De um lado, a favor da manutenção da liminar dada pelo ministro Ricardo Lewandowski, estariam os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre de Moraes e Nunes Marques, que paralisou o julgamento ao pedir vista.

De outro, estariam os ministros André Mendonça, que abriu a divergência nesta quarta-feira, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, que sinalizou seu alinhamento ao posicionamento de Mendonça. Com esse mapa de votos, cada corrente teria cinco votos. O ministro Cristiano Zanin não vota neste caso pois seu antecessor, Lewandowski, já se manifestou.

Por isso, Dino está sendo visto como o voto decisivo do tema, considerado caro ao governo. Nesta semana, como mostrou O Globo, integrantes do núcleo jurídico do Planalto buscaram sensibilizar o Supremo sobre os impactos de uma eventual derrubada da liminar dada por Lewandowski em março, e trabalhavam por um pedido de vista.
 

O indicado por Lula ainda precisa ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e aprovado pelo plenário antes de ser nomeado ao STF. Só depois disso é que tomará posse como ministro da Corte, o que deve ocorrer em meados de fevereiro.

A Lei das Estatais, aprovada em 2016, proíbe que uma pessoa que atuou nos últimos três anos como participante de estrutura decisória de partido político, ou em trabalho vinculado a organização de campanha eleitoral, seja nomeada para o conselho diretor ou diretoria de estatais.

Em março, Lewandowski, considerou esse trecho inconstitucional e proibiu apenas a manutenção do vínculo partidário a partir do momento em que a pessoa assume o cargo de diretor ou conselheiro. Além disso, também suspendeu outro trecho, que impede que ministro de Estado e secretários sejam indicados para a diretoria e conselho das estatais.