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Lula participa de cúpula do Mercosul no Rio em meio a aumento de tensão na Venezuela

A expectativa é de que a Cúpula de Líderes do Mercosul seja usada como um local oportuno para pressionar o regime de Nicolás Maduro

Encontro dos Chefes de Estado dos países integrantes do Mercosul, direto do Museu do Amanhã no Rio de Janeiro. - Reprodução/CanalGov

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira (7) para liderar a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados. O encontro marca o encerramento da presidência temporária do Brasil no bloco, que se estendeu ao longo do segundo semestre deste ano, e dá início à presidência paraguaia.

Lula desembarcou de helicóptero no Museu do Amanhã, onde a cúpula está sendo realizada, por volta das 9h30. Ele chegou acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, e de sua comitiva. Também são aguardados os chefes de Estado de Argentina, Alberto Fernández, Paraguai, Santiago Peña, Uruguai, Luis Alberto Lacalle Pou, e Bolívia, Luis Arce, além da vice-presidente da Colômbia, Francia Márquez.

O encontro dos líderes do bloco coincide com uma escalada da tensão entre Venezuela e Guiana pela disputada região de Essequibo, rica em petróleo, e que levou o Exército brasileiro a reforçar a sua presença militar na fronteira com os dois países vizinhos.

Lula convocou uma reunião para o fim de tarde da quarta-feira com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, para debater a conjuntura geopolítica e as ameaças da Venezuela contra a Guiana.

A expectativa é de que a Cúpula de Líderes do Mercosul seja usada como um local oportuno para pressionar o regime de Nicolás Maduro. Ao Globo, o Itamaraty não confirmou se haverá uma declaração conjunta nesta quinta-feira sobre esta questão.

Apesar disso, é esperado que Lula faça uma crítica à escalada da tensão e dos avanços de Maduro sobre a região, segundo formuladores da política internacional do governo relataram ao blog da Daniela Lima, no g1. O líder brasileiro deve falar como um bloco e propor medidas pacíficas para a resolução do conflito.

Também está prevista para esta quinta-feira, durante a cúpula, a assinatura do acordo de livre comércio com Singapura, que será o primeiro acordo do tipo do Mercosul em mais de dez anos e o primeiro com um país asiático. A assinatura do acordo, porém, tem um gosto amargo, depois de não ter fechado as negociações com a União Europeia.

O tratado com Singapura envolve não apenas o comércio de mercadorias, mas favorece também investimentos, fluxos de tecnologia, serviços, movimento de pessoas e segurança jurídica.

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, ressaltou que o acordo é a porta de entrada dos integrantes do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) para a Ásia e para a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).

"Essa integração fortalece os laços econômicos entre o Brasil, o Mercosul e a região asiática, criando oportunidades para maior diversificação das exportações e investimentos" frisou o vice-presidente em discurso na quarta-feira (6).

Para o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o acordo representa um importante avanço para o bloco e um marco na agenda extrarregional.

"É um acordo no qual o comércio de serviços e o intercâmbio de investimentos possuem papel central. E é natural que assim seja: em 2022, Singapura foi o terceiro principal destino de investimentos estrangeiros no mundo, enquanto o Brasil esteve na quinta posição. Singapura foi o 11º principal emissor de investimentos no mundo" ressaltou.

Durante o encontro, os chefes de Estado do Mercosul também receberão a Bolívia como membro pleno, após uma espera de oito anos pela aprovação dos parlamentos dos demais países.

A adesão da Bolívia cria "um espaço ainda mais significativo de integração regional e de possibilidades de desenvolvimento compartilhado", disse o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, durante uma reunião ministerial do bloco na quarta-feira.

Lula promulgará a adesão da Bolívia ao Mercosul em cerimônia com seu homólogo Luis Arce, uma semana depois de o Senado brasileiro ter aprovado a medida, o último passo para a entrada definitiva do país no bloco regional.

A entrada da Bolívia, país rico em gás e com grandes reservas de lítio, expande as fronteiras geográficas e econômicas do Mercosul, que atualmente compreende 62% da população sul-americana e 67% do seu PIB.