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Jovens argentinos de baixa renda são esperançosos com o governo Milei

Pesquisa diz que 76% dos jovens de 16 a 25 anos têm uma imagem positiva de Milei, e 78,1% definem que ele vai se sair bem no governo

Javier Milei, presidente eleito da Argentina - Luis Robayo / AFP

Samir Santa Cruz, um entregador de 21 anos, pedala dia e noite para levar algum dinheiro para casa. “Foi um rompimento que (Javier) Milei ganhou, confio nele”, diz esperançoso, assim como outros jovens, o setor da população argentina que mais apoia o presidente eleito.

O economista "libertário" e ultraliberal, que acumula apenas dois anos na política, conquistou os concorrentes com a promessa de diminuir a inflação, reduzir drasticamente os gastos públicos e o déficit fiscal, eliminar os impostos e reformar o mercado de trabalho, para finalmente tirar a Argentina de sua grave crise e transformada em potência mundial.

"Quando Milei colocou a economia de volta nos trilhos, já tenho muitos negócios em mente. Tenho uma mente empreendedora", diz este jovem que colaborou ativamente na campanha do presidente eleito e que mora em um pequeno apartamento junto com sua noiva, sua filha de um ano, seu pai, mãe e o irmão mais novo.

De acordo com uma pesquisa da empresa de consultoria Reale Dallatorre (RDT), realizada entre 22 e 27 de novembro, 76% dos jovens de 16 a 25 anos têm uma imagem positiva de Milei, e 78,1% definem que ele vai se sair bem no governo que começa no próximo domingo (10).

Entre eles, destaca-se o grupo conhecido como "voto Rappi", como a mídia argentina chama os trabalhadores de baixa renda de aplicativos como Rappi, Uber e PedidosYa, apoiadores de Milei e de suas propostas - sobretudo, a de desregulamentação da economia e do mercado de trabalho.

"Boas expectativas"
Luna Block, de 20 anos, trabalha no quiosque de sua família em um terminal rodoviário no bairro de Retiro, em Buenos Aires. Ela também é professora de educação física em uma academia.

Milei “me dá boas expectativas”, diz ela, que aprova a aliança do presidente eleito com a ex-candidata conservadora Patricia Bullrich, da coalizão Juntos pela Mudança.

“Minha situação econômica não é ruim, mas também não é a melhor. Espero que comece a trabalhar em suas propostas assim que tomar posse”, diz a jovem.

A Argentina enfrenta uma crise duradoura com inflação anual acima de 140% e uma pobreza que ultrapassa 40% da população. Segundo Pablo Vommaro, coordenador do Grupo de Estudos de Políticas e Juventude da Universidade de Buenos Aires, 13% da população jovem está desempregada, e 20%, subempregada, números que quase duplicam a mídia geral.

Em uma pequena loja de motocicletas em Buenos Aires, Franco Propato, de 23 anos, recebe clientes em potencial com um semblante animado e otimista. “Se Milei cumprir 50% do que disse, já vamos estar mudando muito o nosso futuro”, afirmou.

Para Propato, a política argentina adotada nos últimos 40 anos está "nos deixando em uma confusão muito grande, e não será possível resolver a noite para o dia", portanto, o economista precisará de tempo. Insatisfeito com seu emprego atual, o jovem acredita que terá melhores condições e oportunidades sob o novo governo.

As ideias de abertura econômica de Milei são, em geral, bem recebidas pelos jovens. Mas sua proposta de privatizar a petrolífera YPF é aceita apenas por 37%, de acordo com a pesquisa da RDT. Quanto à proposta de referendo para revogar a lei do aborto, 40,5% rejeitam, 32,6% concordam e 26,9% não sabem opinar.

Vommaro explica que "Milei foi o único candidato com um discurso de futuro, esperançoso. Essa é uma das razões pelas quais ele era tão popular entre os jovens".

Santa Cruz concorda, expressando sua expectativa de que cheguem “muitas empresas que nunca estiveram no país, como a Tesla e a Amazon”.

“Teríamos que aguentar 12 ou 24 meses, segundo diz Milei, mas não acho que vai demorar tanto”, acrescenta.