Mpox: OMS e CDC fazem alerta sobre disseminação de variante mais letal do vírus no Congo
Somente em 2023, foram quase 600 mortes pela doença, e um número de casos 233,7% maior que a média
Nesta quinta-feira, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) emitiram um alerta sobre a disseminação de um variante do vírus Mpox (MPXV) mais grave na República Democrática do Congo RDC. Hoje, uma cientista da Organização Mundial de Saúde (OMS) também demonstrou preocupação com o surto da doença (antiga varíola dos macacos).
De acordo com o informe dos CDC, desde janeiro foram registrados 12.569 casos suspeitos da doença no país, além de 581 mortes (5% do total de diagnósticos em avaliação). O número de casos é significativamente superior aos 3.767 suspeitos que ocorrem, em média, a cada ano no país – um salto de 233,7%.
Além disso, para comparação, desde o início do ano passado os Estados Unidos – país não endêmico mais afetado pela doença – contabilizaram apenas 55 mortes pela Mpox, segundo dados da OMS. O Brasil, segundo mais impactado, registrou 16.
O vírus Mpox é dividido em duas variantes: Clado I e Clado II. O que causou a disseminação mundial inédita da doença em 2022, que até então era restrita a determinados países africanos, foi o Clado II (mais especificamente o IIb). Já entre os casos confirmados no novo surto no Congo, foi identificado o Clado I – que tem cerca de 10% de letalidade.
Segundo o alerta do CDC, já se observava que o Clado I é mais transmissível e causa infecções mais graves do que o Clado II. Porém, uma outra diferença até então é que, embora houvesse a possibilidade de transmissão entre pessoas, a via sexual não era uma forma de contágio para essa variante. A maioria dos casos era decorrente do contato muito próximo com animais infectados.
No entanto, assim como ocorreu com o Clado IIb no ano passado, em que o vírus pela primeira vez passou a ser transmitido por relações sexuais, duas províncias do Congo registraram o contágio inédito do Clado I ligado ao sexo.
No final de novembro, a OMS já dizia, em um monitoramento epidemiológico nenhum caso havia sido formalmente documentado de transmissão sexual do Clado I até abril deste ano, mas que o primeiro foi identificado no Congo.
"Posteriormente, os contatos sexuais deste caso na República Democrática do Congo também deram positivo para o Clado I, com sequências virais estreitamente relacionadas. Esta é a primeira vez que a infecção relatada pelo subtipo I do MPXV está associada à transmissão sexual dentro de um cluster (grupo de casos relacionados). Outro surto no país também está sendo relatado com múltiplos casos de Mpox entre profissionais do sexo. (...) Estas novas características dos modos de transmissão sexual e desconhecido levantam agora preocupações adicionais sobre a contínua e rápida expansão do surto no país", disse a organização
Nesta sexta-feira, em entrevista à agência de notícias Reuters, a cientista-chefe de Mpox da OMS, Rosamund Lewis, classificou como “preocupantes” as evidências de que o Clado I também esteja se espalhando por via sexual e afirmou que “se ele se adaptar melhor à transmissão entre humanos, isso representa um risco".
Ela disse ainda que a organização trabalha com o governo do Congo para ter mais informações e implementar uma resposta ao surto. Um dos pontos importantes é o baixo acesso às vacinas no país.