Brasil

Governo minimiza sinais de desgaste em pesquisas: "Principais programas não chegaram nas pessoas"

Para ministro, ações como Bolsa Família vão começar a surtir efeito no ano que vem

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva - Ricardo Stuckert / PR

O Palácio do Planalto minimizou os resultados das pesquisas de opinião desta semana e aposta que os sinais de desgaste do governo Lula são temporários.

Na avaliação do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, os efeitos dos programas lançados pela gestão petista ainda não chegaram a toda a população.

De acordo com o Ipec, a avaliação negativa do governo subiu cinco pontos percentuais em três meses: eram 25% os que tratavam a gestão como ruim ou péssima, índice que é de 30% agora. Já segundo o Datafolha, o cenário é de estabilidade: 30% avaliavam negativamente em setembro, mesmo patamar desta semana.

Pimenta afirmou que o primeiro ano do governo Lula foi dedicado a reorganizar os principais programas, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Por isso, avalia, boa parte dos beneficiários ainda não tiveram o retorno dos investimentos do governo federal. Para 2024, o ministro avalia que a avaliação do governo vai melhoras, conforme os benefícios forem chegando nas pessoas.

— Os principais programas do governo foram reorganizados, mas ainda não chegaram nas pessoas, como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família, PAC, escolas em tempo integral. Em 2024, teremos 1 milhão de vagas no ensino integral, mas as famílias beneficiadas ainda não sabem. Governar é como uma planta, a colheita começa em 2024 — afirmou o ministro ao GLOBO.

Ipec
O índice dos que consideram o governo ótimo ou bom oscilou negativamente dois pontos, segundo o Ipec, mas se manteve estável de acordo com o Datafolha, que também divulgou levantamento ontem. Nos dois casos, esse percentual está em 38%.

Neste primeiro ano, o governo priorizou a pauta econômica no Congresso. Se, por um lado, conseguiu aprovar o novo arcabouço fiscal e agora avança na reforma tributária, por outro, ainda não passaram medidas que visam a aumentar a arrecadação, na busca pelo déficit zero em 2024, meta mantida pelo Executivo. Em outra frente, o Palácio do Planalto foi pressionado pela crise na segurança pública, especialmente em estados como Rio de Janeiro e Bahia. Lula chegou a cogitar a criação de um ministério específico para essa área.

Datafolha
De acordo com o Datafolha, quase metade dos nordestinos (48%) avaliam positivamente o governo, índice que chega a 50% entre aqueles com menor escolaridade.

Na outra ponta, os segmentos em que Lula vem enfrentando dificuldades de vencer a reprovação também se mantêm homogêneos desde o início do governo. A maior rejeição ao governo do petista está entre os mais ricos, em que quase metade (47%) são contrários á gestão. Lula também é mal avaliado por 39% das pessoas com Ensino Superior.

No segmento evangélico, que o presidente vem tentando desatar nós desde o começo da gestão, não surtiu muito efeito na aprovação — 38% reprovam o governo, uma taxa 10 pontos percentuais menor que a registrada entre católicos.