CÉREBRO

Pesquisa indica ligação entre herpes e Alzheimer; entenda

Estudo apontou que o córtex cerebral de pessoas infectadas com herpes é mais fino

Mal de Alzheimer - Pixabay

Pesquisadores da Universidade de Columbia, em Nova York, comprovaram em um estudo que o córtex cerebral de pessoas infectadas com o vírus do herpes tipo 2 (o HSV-2, que causa bolhas na área genital) é mais fino do que naquelas que não portam o vírus. Um córtex cerebral mais fino pode ser um indicativo de doença de Alzheimer.

Publicado no Journal of Neurological Sciences, o trabalho avaliou dados de 455 pessoas com idade média de 70 anos e já foram infectadas pelo HSV-2.

"Nossos resultados sugerem que a soropositividade do vírus do herpes simples do tipo 2 pode contribuir para a aceleração do envelhecimento cerebral, o que possivelmente leva ao aumento da predisposição a danos cognitivos e doenças neurodegenerativas na população idosa", escreveram os autores no estudo.

O córtex cerebral é responsável pelas habilidades cognitivas, ou seja, pelo processamento de percepções sensoriais e pela memória. É nessa camada que proteínas chamadas beta amiloide e tau se acumulam quando a pessoa tem doença de Alzheimer.

Os autores destacam que, por se tratar de um estudo de correlação, não se pode comprovar que o tipo 2 do herpes desencadeia o Alzheimer. Mas ele indica uma possível associação entre uma infecção por HSV-2 e a doença neurodegenerativa.

Sabe-se que quase todas as pessoas já tiveram algum contato com o vírus do herpes, já que este tipo de vírus, ao longo dos anos, se adaptou bem ao corpo humano.

Outros estudos já haviam associado infecções virais com esclerose múltipla e alguns tipos de câncer. O vírus Epstein-Barr, conhecido por ser o causador da mononucleose infecciosa — popularmente conhecida como "doença do beijo" — pode desencadear a esclerose múltipla. A cantora Anitta, por exemplo, declarou ter o vírus Epstein-Barr.

A relação entre o vírus e o desenvolvimento da esclerose múltipla foi apontada por um estudo realizado pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado no início de 2022. A análise, que envolveu dados de 10 milhões de militares americanos coletados ao longo de 20 anos, revelou que o vírus atuaria como um gatilho em pessoas geneticamente suscetíveis a doença.