Palestinos entram em greve contra a ofensiva israelense em Gaza
Cerca de 18.200 palestinos morreram até agora no território, em sua maioria mulheres e crianças
Lojas, escolas e escritórios governamentais fecharam nesta segunda-feira (11) na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental por causa de uma greve dos palestinos para protestar contra a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza.
Cerca de 18.200 palestinos morreram até agora no território, em sua maioria mulheres e crianças, assim como 104 soldados israelenses, segundo os últimos balanços.
Muitos palestinos participaram da greve e manifestações estavam previstas na Cisjordânia, segundo Essa Abu Baker, coordenador das facções palestinas em Ramallah.
Segundo ele, o protesto faz parte de um esforço global para pressionar que Israel pare a guerra e disse que também há greves em partes da Jordânia e Líbano.
No Líbano, instituições públicas, bancos, escolas e universidades fecharam depois que o governo decretou uma greve nacional em solidariedade a Gaza e às regiões fronteiriças do sul, onde se intensificaram os tiroteios, principalmente entre Israel e Hezbollah.
A paralisação também ocorreu no distrito ocidental de Esenyurt, em Istambul (Turquia), onde muitas empresas são propriedade de residentes dos territórios palestinos, Síria, Iêmen e Irã.
"A greve de hoje não é somente em solidariedade a Gaza, mas também contra os Estados Unidos, que utilizou seu veto no Conselho de Segurança contra uma trégua", disse, referindo-se à rejeição americana de uma resolução de cessar-fogo na sexta-feira.
Nas últimas horas, a cidade de Khan Yunis, no sul de Gaza, foi novamente alvo de bombardeios israelenses e também houve combates no centro e norte do território.
O Hamas, que iniciou a guerra com seus ataques de 7 de outubro quando morreram 1.200 pessoas no sul de Israel, alertou que os 137 reféns ainda presos em Gaza não sobreviveriam ao conflito a menos que Israel cumpra com suas demandas e liberte mais prisioneiros palestinos.
"Não tenho escolha"
Em uma manifestação em Ramallah, sede da Autoridade Palestina, os manifestantes levaram uma enorme lista de nomes de vítimas em Gaza e houve famílias inteiras que saíram às ruas.
"Tudo o que podemos fazer é participar", disse um idoso entre a multidão. "Não temos mais nada".
Segundo fotógrafos da AFP também houve uma greve na cidade de Nablus, no norte da Cisjordânia, e em Hebrom, no sul, onde houve uma manifestação.
Na Cidade Velha, em Jerusalém Oriental, muitas lojas estavam fechadas.
"Queremos que a guerra pare", disse Naser, de 65 anos, dono de uma cafeteria e que deu apenas seu primeiro nome. Não tive notícias de seus amigos em Gaza, devastada pela guerra há semanas, e não sabe se estão vivos ou mortos.
Segundo ele, fechar sua loja não terá muitas consequências. "Não fazemos negócios desde que começou a guerra", assegura, porque a violência fez diminuir o número de visitantes.