GAZA

Lula encontra mãe e filha de brasileiro refém do Hamas

Uma das principais preocupações apontadas durante o encontro é que Michel Nisembaum depende de medicamentos e que não há informação se os remédios estão sendo fornecidos

Presidente Lula - Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta segunda-feira (11) com a mãe e a filha de Michel Nisembaum, cidadão brasileiro-israelense mantido como refém pelo grupo terrorista Hamas. Após o encontro, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que a libertação do refém brasileiro é a preocupação principal de Lula neste momento e que os familiares externaram o sentimento de "angústia" e "ansiedade".

— Conversa foi muito boa, elas perceberam que o presidente Lula está completamente interado no assunto e diria que a preocupação número um dele é exatamente com os reféns e particulamerment com Michel, refém que tem nacionalidade brasileira — disse Wagner.

Uma das principais preocupações apontadas durante o encontro é que Michel Nisembaum depende de medicamentos e que não há informação se os remédios estão sendo fornecidos. O líder do governo afirmou que não há novas informações sobre a situação do refém brasileiro.

— Ele tem uma característica de ser muito solidário a todos, uma espécie de socorrista, que já ajudou e salvou a vida de muita gente. Elas pediram a ele alguns cuidados adicionais. Ele queria saber se elas tinham alguma informação a mais. Elas externaram o sentimento de muita ansiedade, angústia. São mais de dois meses que ele foi sequestrado, e a preocupação é que ele depende de alguns medicamentos que elas não sabem se estão sendo oferecidos para ele.

Jaques Wagner ressaltou que a diplomacia brasileira segue trabalhando pela liberação de Michel Nisembaum e que, durante a viagem para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para participar da COP, o presidente Lula tratou sobre a liberação do refém brasileiro.

— Na viagem para a COP ele ligou e encontrou com líderes que tem acesso a direção do Hamas. Nos encontros ele citou o nome dele (Michel), que foi anotado pelos interlocutores e ele continua entendendo que essa é a missão número um.

O Itamaraty confirmou em outubro, que Nisenbaum estava entre os desaparecidos do ataque terrorista do Hamas contra Israel, em 7 de outubro. Acredita-se que ele seja o único brasileiro que ainda é mantido como refém pelo Hamas.

Desaparecimento
Mary Shohat, irmã de Michel, contou ao Globo detalhes sobre o desaparecimento do irmão. Sua sobrinha, filha de Michel, conversou com o pai pela última vez por volta das 7h daquele 7 de outubro, quando combatentes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel que deixou ao todo 1.200 mortos e foi o estopim para a guerra. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:

— Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram "Hamas, Hamas". Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade — disse Mary.

Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.

— O notebook dele foi localizado em Gaza, por geolocalização, por isso as autoridades israelenses acham que ele também está lá. Mas não temos 100% de certeza que ele está sequestrado. Dizer para a gente que o notebook está na Faixa de Gaza não significa que ele esteja na Faixa de Gaza também — diz Shohat, que trabalha como enfermeira em Israel, em uma cidade a 50 quilômetros de Gaza.

Além do notebook que foi localizado em Gaza, as forças israelenses conseguiram encontrar o carro de Michel incinerado, há cerca de duas semanas. No contato mais recente com a família, representantes do governo comunicaram que encontraram também o celular dele, que seria averiguado.

— Eles dizem que por enquanto não têm nada [de informação adicional] e que precisamos aguardar com paciência — conta Mary, sobre o contato que tem com as forças de Israel responsáveis pela busca de desaparecidos e de reféns.