JUROS

Haddad vê 'gordura' para cortar juros e diz que não há razão para 2024 'ser pior' que 2023

Ministro reforça previsão de 2 milhões de empregos formais em 2023 e segure mesmo feito para o ano que vem

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad - Diogo Zacarias/MF

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a cobrar uma redução mais acentuada na taxa básica de juros, atualmente em 12,75%, e avaliou que o ano de 2024 deve seguir com indicadores positivos para a economia. O Banco Central se reúne nesta terça-feira para discutir a redução na taxa de juros.

Haddad deu as declarações ao comentar, nesta terça-feira, a previsão de abertura de empregos formais na casa de 2 milhões para este ano. Por outro lado, as projeções do mercado e da própria equipe econômica apontam para uma desaceleração do PIB no ano que vem, o que pode refletir na empregabilidade.

— Nós devemos terminar um ano com quase 2 milhões de empregos gerados no Brasil e não temos nenhuma razão para acreditar que o ano que vem será pior — disse o ministro da Fazenda. — A taxa de juros começou a cair poucos meses atrás e ainda temos gordura na política monetária e nossa taxa real está muito distante do segundo colocado (no mundo) — complementou.

Haddad participou nesta terça-feira de um plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República (CDESS).

O chamado juro real considera a taxa de juros nominal do país subtraída pela inflação prevista para os próximos 12 meses. A agência Moneyou aponta que o Brasil lidera essa lista com um patamar de 6,90%, seguido do México, com 6,89%.

O Banco Central iniciou o ciclo de corte da Selic em agosto. Desde então, a taxa (nominal) caiu de 13,75% para 12,25%;

A próxima queda, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), deve ser anunciada nesta quarta-feira;

Assim, o juro básico da economia deve terminar o ano em 11,75%;

Empregos
A economia brasileira gerou 1,78 milhão de postos de trabalho com carteira assinada de janeiro a outubro de 2023. Em 2022, nesse mesmo recorte de tempo, o saldo foi de 2,34 milhões.

O número representa o saldo líquido (contratações menos demissões) da geração de empregos formais.

O governo está apostando que o ano deve fechar com 2 milhões de postos criados. A avaliação do Executivo é que o número poderia ser maior sem o efeito da alta de juros sobre a economia.

Esse saldo de empregabilidade foi influenciado pelo desempenho da economia. No começo do ano, a previsão de mercado apontava para um avanço inferior a 1%. Agora, as projeções apontam para uma alta de 2,92%. A equipe econômica do governo vê um avanço de 3%, até o momento, e pode revisar para cime este número.

Em contrapartida, o cenário para 2024 é de queda, com PIB projetado em 1,51% pelo mercado e 2,2% pela Fazenda, o que pode refletir negativamente no nível de empregabilidade.

Juro no mundo
O ministro da Fazenda aposta na redução do juro nos EUA e Europa e efeitos positivos para o Brasil no ano que vem. No geral, a queda de juro em mercados desenvolvidos pode aumentar a atratividade de investimentos em mercados emergentes e contribuir para valorização das moedas desses mercados. O Brasil está neste cenário.

— Até meados do ano que vem o mundo vai se deparar com política monetária diferente da atual. A atual é de arrocho, tanto nos EUA quanto na Europa. Mas a inflação está convergindo (sendo controlada) — afirma Haddad — Um ciclo virtuoso pode se iniciar no Brasil e estamos concorrendo para isso — diz.

Também nesta terça-feira, Haddad voltou a comentar a relação com o Legislativo e disse que o Congresso “tem sido atencioso” com a agenda econômica do governo.

— O Congresso tem sido atencioso com a agenda, em especial a área econômica e vamos ter uma semana decisiva. Essas medidas são fundamentais para que a gente possa aprovar o orçamento — ponderou, sobre as propostas pendentes de aprovação no Congresso.