Com fim de subsídios a alimentos, produtos que mais sobram nos supermercados argentinos
Governo Milei acabou com o programa Preço Justo, que subsidiava itens básicos de consumo
As empresas de alimentos e produtos de consumo começaram a enviar, um dia depois da posse de Javier Milei, novas listas com aumentos de preço para os supermercados. O governo Milei decidiu pôr fim ao programa de subsídios para itens básicos de consumo, o Preço Justo. Com isso, os produtos que estavam sob esse regime terão aumentos de 100% a 180%, segundo o jornal El Clarín.
Esse salto, diz o jornal, se deve a dois fatores: o fim da ajuda às empresas que fabricavam os produtos e o reajuste desses itens pela inflação, já que o valor das mercadorias estava subvalorizado. O objetivo é equiparar os valores das prateleiras dos supermercados aos dos mesmos produtos vendidos nas lojas chinesas ou nas de autosserviço, aonde os controles do governo nunca chegaram, diz o jornal.
De acordo com os supermercados, os maiores aumentos deverão incidir sobre azeite, macarrão, farinha e produtos de panificação. Esses produtos foram subsidiados pelos exportadores e pelo Estado, benefícios que terminaram na semana passada, com o término do governo de Alberto Fernández.
Azeites, por exemplo, passarão de 800 pesos para 2.000 pesos por litro, enquanto o pão terá alta de 80%. O preço do arroz também sofrerá um aumento.
Embora o ex-ministro Sergio Massa tenha concordado durante o período de transição de governos com um aumento de 12% após a eleição e outros 8% para a primeira semana de dezembro, os preços subiram entre 35% e 50% na semana passada nas redes atacadistas e nas lojas de autoatendimento.
Agora, esses aumentos podem chegar às grandes redes de supermercados. Alguns desses ajustes já foram repassados aos preços, enquanto outros deverão acontecer nos próximos dias. As listas de preços enviadas pelos fabricantes de cerveja, água, refrigerantes, produtos lácteos e pães, entre outros, tiveram aumentos entre 45% e 80%, aponta o El Clarín.
Em alguns casos, entretanto, ainda não há mudanças, porque as empresas estão esperando para ver qual será a correção da taxa de câmbio oficial.
O esperado pacote de ajuste fiscal do governo argentino deve ser anunciado na tarde desta terça-feira, segundo jornais argentinos. O anúncio será feito por meio de uma mensagem gravada do recém-empossado ministro da Economia, Luis Caputo, pois as pautas com a imprensa serão suspensas por um ano, informou o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.
A expectativa, no entanto, é que essa medida acentue a recessão argentina, como apontou a colunista do GLOBO Míriam Leitão.