O samba de Leci Brandão "ocupa" a Caixa Cultural Recife
Sambista carioca apresenta o show "Eu Sou o Samba" até sábado (16)
Para além do samba, a voz. Não (só) a que legitima o gênero em seu partido mais alto, mas a que evoca liberdades, defende minorias e delibera sobre si mesma - como mulher, preta e artista da música.
Há pouco mais de cinco décadas, Leci Brandão, 79, impôs a sua própria narrativa como cantora e compositora de enredos que fluem no vice-versa dos palcos e da vida.
E é em meio a essa caminhada harmoniosa (e honrosa) que ela chega por aqui, de hoje até sábado (16) para uma maratona na Caixa Cultural Recife com o show "Eu Sou o Samba", sempre às 20h e com ingressos esgotados.
Carioca de Madureira e criada na Vila Isabel, Leci fincou seu lugar como artista aos 21 anos de vida, ao assinar a primeira composição "Tema do Amor de Você" (1964) para pouco tempo depois, em 1972, literalmente ocupar - e nunca mais sair - da ala de compositores da Estação Primeira de Mangueira e assim ser a primeira mulher a integrar o espaço, abrindo caminho para as que viriam a partir de então.
Mulher como protagonista
Foi também com versos declarados como "Ser mulher é muito mais que batom ou bom perfume", da faixa "Ser Mulher" que abria o LP "Questão de Gosto" (1976) que Leci se fez nome forte da arte que engaja, critica e luta, inclusive na política já que se firmou também como deputada estadual em São Paulo em 2010, pelo PCdoB.
Ela foi reeleita desde então, o que a levou a outro feito: a primeira mulher negra a ficar à frente de quatro mandatos sucessivos na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
De clássicos como "Zé do Caroço", "Só Quero Te Namorar", "As Coisas Que Mamãe Me Ensinou" e "Isso é Fundo de Quintal", para os shows no Recife Leci e a sua máxima "na palma da mão" vai levar o público a rememorar uma sequência de uma das melhores fases do samba - a que era conduzida por ela nos anos de 1980 e por parceiros que estiveram ao seu lado no decorrer da carreira, como Arlindo Cruz e Martinho da Vila.
Para a celebração dos 80 anos, em 2024, um disco tomado por convidados diversos, fará parte da festa - do samba, da arte e de quem conhece vida e obra de uma das grandezas da música brasileira.
Palestra
Ainda dentro da programação da temporada de Leci na Caixa, no sábado (16), a partir das 15h, o jornalista, produtor e crítico musical Rodrigo Faour ministra a palestra "As Pioneiras Compositoras e o Legado de Leci Brandão".
Com acesso gratuito, para participar é preciso adquirir o ingresso que será distribuído uma hora antes do início do evento.
Serviço
Show "Leci Brandão - Eu Sou o Samba"
Quando: desta quarta-feira (13) até sábado (16), às 20h
Onde: Caixa Cultural Recife - Av. Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Informações: (81) 3425-1915