CPI da Braskem: Senado ignora apelos do governo e marca instalação da comissão para quarta-feira
Governo e Arthur Lira são contra instalação da comissão, mas Renan tem angariado apoio de líderes partidários
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, do Senado, deve ser instalada em uma reunião marcada para as 9h desta quarta-feira. O anúncio foi feito pelo líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), que, por ser o mais velho entre os participantes, vai presidir a primeira reunião do colegiado. O senador Omar Aziz (PSD-AM) é o nome de acordo da maioria dos integrantes da comissão para exercer o cargo de presidente. Ainda não há definição de quem será o relator.
O funcionamento da CPI vai na contramão do que deseja o governo federal e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Mesmo com a iminência da instalação do colegiado, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), mantém a posição contrária. De acordo com ele, o melhor seria fazer uma comissão de inquérito na Assembleia de Alagoas e não no Congresso.
O colegiado pretende investigar a empresa petroquímica Braskem, responsável por minas de extração de sal-gema que ameaçam desabar em Maceió.
O contrato de indenização feito entre a empresa e o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), está na mira da mira da CPI. Há potencial para desgastar o prefeito, que é aliado próximo de Lira.
A criação da CPI é articulada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário do presidente da Câmara. Tanto o emedebista, quanto o deputado do PP estiveram em uma reunião no Palácio do Planalto com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mais cedo nesta quarta. O assunto foi a crise envolvendo a empresa.
Na saída da reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, evitou falar sobre a CPI, mas disse que foi criado um "pacto para deixar disputas políticas de lado"
— Saímos da reunião com um pacto onde todos se comprometeram a deixar eventuais disputas políticas de lado para colocar em primeiro lugar o interesse da população, a situação da população. Todos saíram com esse pacto de deixar eventuais rusgas políticas de lado e priorizar o interesse da população. Foi unânime a posição de todas as representações políticas de aceitar essa sugestão do presidente — afirmou o ministro.
Renan é cotado para ser o relator da CPI, mas Otto Alencar tem defendido que o cargo não fique com nenhum senador de Alagoas e nem da Bahia, onde a empresa petroquímica também tem forte presença.
Apesar do foco em Alagoas, a avaliação é que o colegiado poderia prejudicar a empreiteira Novonor (ex-Odebrecht), dona da maior parte das ações da Braskem. Também há um temor no governo de que a Petrobras, que tem ações da empresa, seja atingida.
Jaques Wagner e Otto Alencar agiram para que seus partidos não dessem apoio para a CPI. No entanto, Renan conseguiu fazer com que a maioria dos líderes partidários fizessem as indicações para compor o colegiado, o que abre o caminho para a instalação.