Eleições

Presidente de Guatemala afirma que nada impede que Arévalo assuma o poder

O presidente eleito, um sociólogo de 65 anos, denunciou que a ação do Ministério Público faz parte de um "golpe de Estado"

Bernardo Arévalo - Johan Ordonez/AFP

O presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, assegurou, nesta terça-feira (12), que não há nenhuma "ação" que impeça o opositor Bernardo Arévalo de assumir o poder em janeiro e criticou autoridades americanas, acusando-as de "ingerência".

"Na Guatemala, não há nenhuma ação que possa impedir que as autoridades eleitas assumam seus cargos", afirmou o presidente de direita em uma carta divulgada nas redes sociais.

A carta de Giammattei "à comunidade nacional e internacional" foi publicada um dia depois de o Ministério Público entregar ao Tribunal Supremo Eleitoral uma investigação revelada na sexta-feira com supostas irregularidades nas eleições vencidas pelo social-democrata Arévalo.

Os promotores consideram que as eleições são "nulas" devido a alegadas irregularidades nas atas de votação, entre outras descobertas, embora o Tribunal Eleitoral já tenha afirmado que os resultados são "inalteráveis".

O presidente eleito, um sociólogo de 65 anos, denunciou que a ação do Ministério Público faz parte de um "golpe de Estado" em curso para evitar que ele assuma o cargo em 14 de janeiro por sua promessa de combater a corrupção.

A mensagem também ocorre um dia depois de os Estados Unidos imporem restrições de visto a 300 guatemaltecos por tentarem "minar" a democracia, incluindo uma centena de deputados.

"Expresso meu firme repúdio às ações intimidatórias que buscam amedrontar cidadãos guatemaltecos, as quais atentam contra a soberania nacional, elemento fundamental que proíbe a interferência em assuntos internos de um Estado", censurou Giammattei.

O presidente em fim de mandato denunciou "a manipulação midiática e política de alguns membros" do governo americano "em detrimento de uma boa relação bilateral", pedindo à Câmara dos Representantes e ao Senado dos Estados Unidos que "chamem o Departamento de Estado para prestar contas sobre sua atuação em relação à Guatemala".

Estados Unidos, União Europeia, ONU e OEA criticaram reiteradamente as manobras do Ministério Público guatemalteco contra Arévalo.

Nesta terça-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse que "qualquer ação que atrapalhe a transição de poder consistirá em uma violação dos princípios mais básicos de uma democracia".

A OEA acionou um artigo da Carta Democrática Interamericana que permite pedir à Guatemala seu "consentimento" para receber uma visita de trabalho.

Arévalo compareceu nesta terça-feira a um tribunal para conhecer o processo no qual o Ministério Público pediu a desabilitação do partido Semilla, mas, ao sair, disse que o juiz Fredy Orellana negou novamente o acesso ao arquivo judicial.