SABATINA NO SENADO

Dino defende decisões individuais no STF apenas em situações "excepcionais"

Audiência ocorrerá de forma conjunta, com perguntas feitas de maneira individual

Flávio Dino, indicado pelo presidente Lula para vagas no STF - Lula Marques/ Agência Brasil

A Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado começou na manhã desta quarta-feira a sabatina do ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal (STF), e do subprocurador Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República (PGR).

 

Em sua fala inicial aos senadores, Dino afirmou que a presença de políticos em supremas cortes "não é estranha" e citou exemplos do Brasil e dos Estados Unidos. A indicação de Dino ao STF foi criticada pela oposição por ele ter passado os últimos anos em cargos políticos, deputado, governador e ministro.

"Aqui e alhures, não é estranha a presença de políticos e políticas nas supremas cortes" alegou.

Em um aceno ao Senado, o ministro da Justiça também afirmou que a declaração de inconstitucionalidade de uma lei deve ser a exceção e, em regra, precisa ser feita de forma de forma colegiada, e não monocrática. No mês passado, o Senado aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impede decisões judiciais individuais que suspendam atos do Congresso.

" A inconstitucionalidade de uma lei só pode ser declarada quando não houver dúvida acima de qualquer critério razoável " afirmou, acrescentando depois: "Se uma lei é aprovada neste Parlamento, é aprovada de forma colegiada, o desfazimento, salvo situações excepcionalíssimas, não pode se dar por decisões monocráticas."

A sabatina dos dois será realizada de forma conjunta. No início da sessão, esse modelo foi questionado pelo senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que ganhou apoio de parlamentares da oposição.

Entretanto, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), rejeitou os apelos. Alcolumbre cedeu, contudo, na intenção de realizar as perguntas em blocos, e definiu que os questionamentos serão apresentados individualmente.

Os relatores das indicações Weverton (PDT-MA) da de Dino e Jaques Wagner (PT-BA) da de Gonet, já deram pareceres favoráveis à aprovação.

Durante a sabatina, senadores costumam questionar os escolhidos sobre temas polêmicos e tentam antecipar posições que eles podem tomar em seus cargos. A duração varia e geralmente é um indicativo do nível de aceitação do indicado entre os parlamentares. Entre os atuais ministros do STF, a duração variou entre 2h44 (Cármen Lúcia) e 12h39 (Edson Fachin). Nenhuma dessas sabatinas, contudo, foi feita de forma conjunta com outra indicação.

Após a sabatina, é realizada uma primeira votação na CCJ. Mesmo em caso de rejeição, a indicação é enviada ao plenário, onde ocorre a votação definitiva. A expectativa é que as duas votações ocorram na quarta-feira. Ambas são secretas. No plenário, é necessária maioria absoluta (41 votos) para a indicação ser aprovada.

Como O GLOBO mostrou, a oposição planeja transformar a sabatina de Dino em uma extensão da CPI do 8 de Janeiro. O objetivo é desgastá-lo com assuntos ligados à pasta, como a ausência de imagens do circuito interno no dia dos atos, o recebimento de alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a atuação da Força Nacional.

Já para Gonet, aliados preveem uma sabatina tranquila. Autor de artigos e pareceres alinhados com pautas da direita no passado, o subprocurador angariou apoio de integrantes da oposição na busca por votos para assumir a PGR. Com isso, não há intenção entre os parlamentares em colocá-lo contra a parede, enquanto governistas devem se resignar.