Venezuela

Ministro diz que tensão entre Venezuela e Guiana não deve ser resolvida em reunião entre presidentes

Lula vai mandar Celso Amorim para encontro de mediação na quinta, afirma Mauro Vieira

Reunião com comparecimento de Ministro. Ministro de Estado das Relações Exteriores, Mauto Luiz Iecker Vieira. - Mario Agra / Câmara dos Deputados

O ministro das Relções Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira que “ninguém espera” que o conflito entre a Venezuela e a Guiana pelo território de Essequibo seja resolvido na reunião de amanhã entre os presidentes Nicolás Maduro e Mohamed Irfaan Ali, da Guiana.

Segundo Vieira, a proposta da reunião partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Convidado, Lula mandará o assessor especial Celso Amorim para o encontro.

— Eu achei até que o presidente da Guiana poderia não ir, mas foi um gesto de boa vontade, de ir e conversar. Não acho e ninguém espera que vamos sair dessa reunião com tudo resolvido. Mas é um importantíssimo passo no sentido do entendimento de dois países importantes, um para o outro, e ambos para o Brasil, em um momento em que nós não precisamos de conflitos na nossa fronteira — afirmou.

As declarações foram feitas por Mauro Vieira na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O ministro foi convocado a prestar esclarecimentos sobre a agenda internacional do Brasil. O requerimento foi feito pelos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Caroline de Toni (PL-SC) e Carla Zambelli (PL-SP). Nenhum deles compareceu à sessão desta quarta-feira.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o da Guiana, Mohamed Irfaan Ali, irão se reunir nesta quinta-feira em uma reunião de cúpula em São Vicente e Granadinas. O assessor-especial da Presidência, Celso Amorim será o representante do governo brasileiro no encontro.

Com o aumento de tensões entre os dois países que fazem fronteira com o Brasil, o governo brasileiro se mobilizou militarmente e intensificou seus contatos diplomáticos para mediar a disputa pela região do Essequibo, tentando exercer um papel de liderança regional.

O Brasil compartilha quase 800 km de fronteira com o Essequibo, principalmente no estado de Roraima, na Região Norte. Nessa área limítrofe, há seis municípios brasileiros onde vivem cerca de 140 mil pessoas, entre elas aproximadamente 40 mil indígenas.

O Exército brasileiro anunciou, na semana passada, um reforço militar na região. O Exército "intensificou a ação de presença" da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, composta por quase 2 mil militares, para missões de "vigilância e proteção do território nacional", e enviou veículos blindados à Boa Vista, capital de Roraima.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, também já afirmou nesta segunda-feira que não será permitido "em hipótese nenhuma" a invasão da Guiana pela Venezuela via território brasileiro.