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Moro, Bolsonaro e Gleisi: fotos de telas de celular expuseram conversas de políticos

Senador teve mensagens sobre seu voto na sabatina de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal flagradas nessa quarta-feira (13)

Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro e ex-ministro da justiça, Sergio Moro - Evaristo Sa/AFP | Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O senador Sergio Moro (União - PR), que teve uma troca de mensagens sobre seu voto a respeito da indicação do ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF) exposta nesta quarta-feira (13), não foi o primeiro político com conversas divulgadas após flagras. Nomes como o ex-presidente Jair Bolsonaro, a presidente do Partido dos Trabalhadores e do deputado Ciro Nogueira (PP-PI) foram alguns dos que tiveram suas intimidades expostas.

O caso de Moro aconteceu nesta quarta-feira, minutos após Flávio Dino ter o nome aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o senador recebeu uma mensagem em seu celular o alertando que o "coro está comendo nas redes". O interlocutor dizia na sequência para ele "ficar frio", mas que não poderia ter vídeo do parlamentar declarando voto favorável ao ministro de Lula.

A mensagem foi enviada após uma imagem de Moro abraçando Dino durante a sabatina repercutir nas redes sociais. O senador, que é oposição ao governo, não declarou seu voto contra Dino, o que lhe rendeu críticas.

Relembre outros casos.
Jair Bolsonaro
O ex-presidente teve suas conversas expostas mais de uma vez. Quando ainda era deputado federal, ele foi flagrado brigando com o filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também parlamentar, por ter faltado à sessão que iria escolher o então presidente da Casa. Na época, Bolsonaro foi um dos candidatos. Em uma das mensagens da foto publicada pelo fotógrafo Lula Marques no Facebook , Jair dizia: “Não vou te visitar na Papuda”.

Depois a repercussão do caso, os dois gravaram um vídeo onde justificavam o episódio.

Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski
Os ministros foram flagrados combinando como votariam enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava a denúncia do Ministério Público Federal contra 40 acusados de participar do mensalão. As conversas foram flagradas em telas de computador e as imagens foram fotografadas durante a sessão e divulgadas pelo Globo. Após o incidente, o tribunal cercou-se de cuidados.

Uma das providências foi impedir que fotógrafos e cinegrafistas transitassem livremente pelo plenário. Quando viram suas mensagens publicadas no jornal, alguns ministros acabaram mudando a linha do voto e réus admitiram mais tarde que a divulgação mudou o rumo da sessão. Após o episódio, boa parte dos ministros também se tornou adepta dos bilhetinhos escritos em papel. Na época, a presidente da Corte era a hoje aposentada ministra Ellen Gracie.

Gleisi Hoffmann
A tela do celular da presidente do PT foi flagrada pelo jornal "O Estado de S.Paulo" e confirmada pelo Globo em março deste ano e nela aparecia uma mensagem de Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP). Ele chamavas as escolhas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para o Conselho de Administração (CA) da Petrobras de "perigosas".

Ainda na conversa, Dayvid Bacelar, que já foi membro do Conselho de Administração da Petrobras, pediu ajuda para um encontro com Lula. A mensagem dizia que quatro indicações para o colegiado da estatal seriam “nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações”.

Ciro Nogueira
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro, teve a tela de seu celular flagrada por foto da "Folha de S.Paulo". Na tela, ele li mensagens de um grupo intitulado "Ministros de Bolsonaro" e foi possível identificar que o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ex-ministro da Saúde, escreveu que os ataques de 8 de janeiro "ajudaram o Governo Lula". A fala foi apoiada pelo ex-titular da Economia, Paulo Guedes, que aparece enviando uma mensagem com a palavra "sim" ao final do texto.

"Não houve a percepção do que foi feito no país. Ter esses resultados econômicos durante um colapso no país decorrente da pandemia é um milagre. Agora, tudo o que foi feito vai por água abaixo pela ação de um grupo de radicais. O governo lulopetista havia cometido vários erros na primeira semana, mas a ação desses vândalos acaba por ajudar o governo”, dizia a mensagem de Queiroga.

Cândido Vaccarezza
O ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (PT-SP) foi flagrado trocando mensagens de texto com o então governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, nas quais prometia que o PT iria assegurar a proteção do governador na CPI do Cachoeira. Em imagem exibida no Jornal do SBT, Vaccarezza diz que Cabral não precisava se preocupar, apesar das arestas entre seus partidos: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI, mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)", disse no texto.

Vaccarezza foi o principal defensor de que o requerimento que determinava a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico da construtora Delta se ativesse às subsidiárias dela no em Goiás, Distrito Federal, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A oposição queria que os sigilos da matriz, que fica no Rio de Janeiro, e das subsidiárias de outros estados também fossem quebrados.

Wladimir Costa
O então deputado federal, que tatuou "Temer" no ombro, foi flagrado dentro do plenário da Câmara trocando mensagens com uma mulher em que pedia para ela "mostrar a bunda", com a justificativa de que "não são suas profissões que a destacam como mulher".

A troca de mensagens foi registrada pelo fotógrafo Lula Marques e publicada nas redes sociais do fotógrafo. Questionado pelo GLOBO, o ex-deputado falou à época em primeiro momento que as imagens eram montagens. Depois, ele confirmou ser o autor dos textos.

A mensagem principal tem o seguinte teor: "Mostra a tua bunda mostra afinal não são suas profissões que a destacam como mulher e sua bunda. Vai lá põe aí garota. (sic)" Depois, Wladimir cita jornalistas que são "respeitadas e até desejadas" por suas "capacidades técnicas e não por um par de bunda". Segundo o deputado, não havia nada de "sentimental" ou "erótico" nas mensagens.

"Uma pessoa que conheço insistia para eu mostrar a tatuagem, na Câmara, no Senado. Isso é loucura, eu não posso mostrar. Aí citei Fátima Bernardes, Sônia Abrão, que não precisam mostrar a bunda. No contexto, não há nada sentimental, erótico. Foi uma resposta à questão da tatuagem. Não acho que as mensagens foram impróprias" explicou.