Ucrânia

UE decide iniciar o diálogo de adesão com a Ucrânia, que comemora "vitória"

Esta foi a decisão mais sensível que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou nesta quinta

Sergei Supinsky/AFP

A União Europeia (UE) chegou a um acordo, nesta quinta-feira (14), para iniciar negociações formais com a Ucrânia para sua adesão ao bloco, uma decisão que envia uma mensagem sobre a unidade europeia e que o governo ucraniano comemorou como uma "vitória".

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou na rede social X que os países do bloco "decidiram abrir negociações de adesão com Ucrânia e Moldávia".

Além disso, a UE fornece em conceder à Geórgia a condição de país aspirante à adesão.O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, reagiu no X ao assinalar que a decisão é "uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para toda a Europa”.

Esta foi a decisão mais sensível que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou nesta quinta, já que a oposição de Hungria para abrir essas negociações parecia inflexível.

Ao chegar à sede da reunião, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, afirmou que “não há razões para discutir nada, porque as condições [impostas à Ucrânia] não foram cumpridas [...] De forma que não estamos em posição de começar a negociar".

Orbán se ausenta da sala
Uma fonte diplomática europeia garantiu à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram o movimento.

Um pouco mais tarde, Orban publicou no Facebook um vídeo afirmando que seu país se absteve na decisão, e acrescentou que a Hungria "não deseja compartilhar responsabilidade" por essa determinação.

Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os anunciou que rejeitaria o diálogo representativo de um fracasso para a Ucrânia que a Rússia usaria em seu favor.

Por sua vez, o presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou no X que o seu país "virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão".

Esta decisão acontece no momento em que se acumulavam dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia na sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.

O chefe do governo alemão, Olaf Scholz, manifestou pelas redes sociais que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia.

Fontes diplomáticas coincidentes afirmam que foi Scholz que, em meio ao debate, propôs a Orban que ele se retirasse da sala para que a decisão fosse adotada por unanimidade pelos presentes.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou no X que trata-se de "um dia que permanecerá gravado na história da nossa União".

Nos Estados Unidos, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, aplaudiu o que chamou de "decisão histórica" para Ucrânia e Moldávia. Já o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que foi uma resposta "lógica, justa e necessária".

Após a reunião, Zelensky se comunicou por telefone com Macron para agradecê-lo pelos compromissos no debate.

Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é “uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não apenas para a Rússia”.

Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban "apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão [...] mas decidiu não utilizar seu poder de veto”.

Novo pacote de avaliação
Em outro sinal de apoio, os dirigentes da UE estabeleceram o 12º pacote de avaliações contra a Rússia pela guerra com a Ucrânia, com medidas que se concentram no comércio de diamantes e para evitar a evasão das avaliações anteriores.

Numa carta a Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, Orban tinha incluído pedido formalmente que a questão da Ucrânia fosse retirada da agenda da reunião, para evitar que a falta de consenso provocasse o fracasso do encontro.

No entanto, na tarde de quarta-feira, véspera da cúpula, a UE anunciou o desbloqueio de pagamentos à Hungria de até 10,2 bilhões de euros (54 bilhões de reais) que foram congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de direito nenhum país.

Mesmo com esta decisão, o processo de adesão à UE normalmente leva muitos anos nos quais aumentam as conversas e há a implementação de reformas. Em alguns casos, podem durar mais de uma década.