Senado

Entenda a origem do apelido "Mestrão", assessor flagrado em mensagens de Moro sobre Dino

Figura recomendou que ex-juiz da Lava-Jato não aparecesse professando voto no ministro da Justiça de Lula, indicado ao STF

Sérgio Moro, senador - Jefferson Rudy/Agência Senado

Durante votação do nome de Flávio Dino para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sergio Moro (União-PR) foi aconselhado a não aparecer professando um voto favorável ao ministro da Justiça de Lula.

Na conversa, flagrada pelo Globo nesta quarta-feira (14), o ex-juiz federal aparece conversando com um contato chamado "Mestrão". No diálogo, Moro foi informado que "o coro está comendo nas redes", e um eventual aceno a Dino poderia complicar o futuro do senador.

Durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Dino e Moro foram vistos trocando afagos antes da arguição, nesta quarta-feira. Conforme a colunista do Globo Bela Megale, o ex-juiz riu ao se esquivar de responder questionamento do ministro da Justiça sobre se teria seu voto favorável na votação dentro do colegiado.

Conforme mostrou o colunista do Globo Lauro Jardim nesta quinta-feira (14), "Mestrão" é o apelido de Rafael Travassos Magalhães, lotado no gabinete do ex-juiz da Lava-Jato no Paraná. Antes, ele foi funcionário do deputado estadual Ricardo Arruda (PL-PR), na Assembleia Legislativa do Paraná, quando ganhou a alcunha.

Nessa época, ele foi apelidado por ter o hábito de chamar todo mundo de "mestre", e passou a carregar o apelido, no aumentativo. Segundo o colunista Lauro Jardim, Moro não é o único a salvar o contato como "Mestrão", nome também usado por outros colegas e ex-colegas de trabalho.

A colunista do Globo Bela Megale informou que, entre os colegas, Rafael Magalhães é visto como "entrão" e "invasivo", além de uma "presença problemática", por ter sido citado em investigação do Paraná por suspeita de "rachadinha" enquanto ficou lotado no gabinete de Ricardo Arruda.

Procurado, o senador afirmou, por meio de sua assessoria, que a mensagem do interlocutor se deu porque "distorceram o posicionamento do parlamentar". "A pessoa em questão, sem ter informação do voto do senador Sérgio Moro, fez a sugestão somente porque distorceram o posicionamento do parlamentar nas redes após cumprimento ao ministro Dino. Em resposta, o senador disse que iria manter o sigilo do voto, que é um instrumento de proteção contra retaliação", afirma.

Entenda a troca de mensagens
Minutos após Flávio Dino ter o nome aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o senador Sérgio Moro (União-PR) recebeu uma mensagem em seu celular o alertando que o "coro está comendo nas redes".

O interlocutor diz na sequência para ele "ficar frio", mas que não poderia ter vídeo do parlamentar declarando voto favorável ao ministro de Lula.

A mensagem foi enviada após uma imagem de Moro abraçando Dino durante a sabatina repercutir nas redes sociais. O senador, que é oposição ao governo, não declarou seu voto contra Dino, o que lhe rendeu críticas.

"Sergio, o coro está comendo aqui nas redes, mas fica frio que jaja (sic) passa, só não pode ter vídeo de você falando que votou a favor, se não isso vai ficar a vida inteira rodando", diz o contato identificado no celular de Moro como "Mestrão". "Estou de plantão aqui, qualquer coisa só acionar", completa na mensagem, flagrada pelo GLOBO no plenário do Senado. Em seguida, Moro responde: "Blz. Vou manter meu voto secreto".