Crianças com autismo fazem cantata natalina no Compaz Miguel Arraes
Cerca de 22 crianças participam do concerto musical
Crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista (TEA), que são atendidas pelo Instituto Dimitri Andrade, vão participar de mais uma edição da cantata natalina promovida pela instituição.
O concerto musical acontece na próxima segunda-feira (18), às 15h, no teatro do Compaz Miguel Arraes, bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife.
O musical vai ser apresentado por 19 crianças neurodivergentes e três típicas que desenvolveram a capacidade de estar em público durante as terapias.
Nesta oportunidade, os menores apresentarão o enredo do livro “Zuri, o rinoceronte sem chifre”, de autoria da psicóloga Frínea Andrade, que traz na narrativa, por meio da personificação de animais, os preconceitos da sociedade com relação às diferenças.
A lição principal do livro é lembrar que ser diferente é normal. Inserindo a temática natalina, Zuri vem para o Nordeste com sua família, onde encontrará os animais da fauna. Estando fora dos “padrões” por ser um rinoceronte, espécie não existente no Brasil e, ainda por cima, sem chifre, ele fará novas amizades e passará a conhecer cinco estados do Nordeste, finalizando sua jornada em Pernambuco.
Mãe de um adolescente com autismo, a psicóloga Frínea Andrade, que também é diretora e fundadora do Instituto Dimitri Andrade, fala sobre os cuidados e as dificuldades quando alguém tem um filho com necessidades específicas. Segundo ela, até as oportunidades de educação, esporte e lazer ficam mais escassas, porque as pessoas se fixam nas características físicas, comportamentais ou intelectuais apresentadas pelo sujeito, se esquecendo das potencialidades de cada um.
“Produzir mais uma edição desta cantata é uma realização muito grande, pois tudo que buscamos é a inclusão e o Instituto está comprometido em demonstrar que podemos fazer um lindo espetáculo adaptado às singularidades de cada um. As diferenças nos impõem barreiras e queremos mostrar para a sociedade que nossos filhos são capazes. Este ano, nossa intenção é levar a cultura nordestina como sinônimo de resistência e o Natal como ideal de amor através do nascimento de Jesus, correlacionando as diferenças e especificidades da falta de chifre de Zuri como forma de desconstruir os apontamentos preconceituosos a respeito de seus aspectos únicos”, aponta.
O evento será todo adaptado com volume de som e iluminação adequados para não trazer incômodos às pessoas neurodivergentes que são sensíveis a esses estímulos. Os ensaios foram conduzidos por psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, educadores físicos e musicoterapeutas.
“A musicalização e as artes são práticas importantes inseridas na terapia para o desenvolvimento das crianças. Elas facilitam a exteriorização e comunicação de sentimentos, o controle das emoções, combatendo a timidez e estimulando à memória, atenção, concentração, além de integrar corpo e mente e estimular técnica e criatividade. Através da musicalização, crianças com autismo encontram uma maneira de se relacionar com o mundo e desenvolvem a alfabetização, a capacidade inventiva, a expressividade, a coordenação motora e a motricidade fina, além da percepção sonora, percepção espacial e raciocínio lógico”, explica Frínea.