RACISMO

Não houve inspeção nos cabelos de passageira no Santos Dumont, diz Infraero; cantora rebate

Empresa afirma que a constatação se deu a partir de imagens de câmeras de segurança

Cantora Luciane Dom - Reprodução

Após a repercussão da denúncia de que teria sofrido racismo, a cantora Luciane Dom apagou a postagem em que relatava a situação vivida no Aeroporto Santos Dumont, no Rio, nesta quinta-feira. Em nota, a Infraero alegou que "foi constatado por imagens de câmeras de segurança que não houve uma inspeção nos cabelos", o que foi rebatido por Luciane horas depois, quando afirmou que "o racismo de todo dia não se vê (por) câmeras de segurança".

Com a publicação excluída de seu perfil, Luciane usou os stories do Instagram para se manifestar. "Eu sei o que ouvi hoje (quinta-feira) no scam. Foi tudo muito rápido e sutil, o racismo de cada dia não se vê (por) câmeras de segurança", afirmou a cantora, que completou com um apelo: "Peço que parem o assédio e a reprodução dessa violência".

Luciane Dom se pronuncia nos stories após nota da Infraero — Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira, a cantora havia publicado um desabafo em que relatava ter sido parada por uma "revista aleatória", quando estava prestes a embarcar para São Paulo. Na ocasião, segundo Luciane Dom, uma funcionária do aeroporto afirmou que teria que revistar o seu cabelo:

"Eu já tinha passado a mala no scanner, e eu mesma já tinha passado no scanner corporal. A mulher me diz 'tenho que olhar seu cabelo'. Eu olho pra ela aterrorizada com a violência desse ato. Ela chama o superior. Meu dia acabou."

No fim da tarde dessa quinta-feira (14) — após a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, ter lamentado o ocorrido e afirmado que "casos como esses não são pontuais" — a Infraero divulgou uma nota à imprensa. O comunicado da empresa alegou que a passageira "foi selecionada aleatoriamente para uma inspeção manual", texto que ressaltou que "a inspeção de segurança aleatória é independente de origem, raça, sexo, idade, profissão, cargo, orientação sexual, orientação religiosa ou qualquer outra característica do passageiro".

Ainda de acordo com a nota, uma averiguação interna constatou que não houve inspeção nos cabelos de Luciane Dom. "A Infraero reitera que repudia quaisquer formas de discriminação, que comportamentos como injúria racial e racismo não são tolerados nos aeroportos sob sua administração", conclui o posicionamento, em que a empresa diz estar à disposição das autoridades competentes para "os esclarecimentos que façam necessários".

Apoio e ataques nas redes
"Eu trabalho com arte, criando possibilidades e imaginários diferentes, fazendo pessoas sonharem… me fazendo acreditar na mudança. Queria ao menos ter ânimo e cabeça pra continuar divulgando o som e falando o que eu tava falando durante a semana... queria estar leve! Mas não." Foi assim que Luciane Dom completou o post em que relatou que teria sido vítima de racismo no aeroporto.

Na publicação, agora excluída, colegas e fãs demonstraram apoio à cantora. No entanto, ela também foi alvo de mensagens racistas. Os ataques a Luciane continuam, com comentários feitos nas fotos e vídeos que ainda estão no ar, em que é chamada de "mentirosa".