Organização Mundial do Turismo abre escritório no Rio e promete impulsionar setor na América do Sul
Órgão ligado a ONU espera que, nos próximos cinco anos, o número de visitantes internacionais que o Brasil recebe por ano cresça de 6 milhões para cerca 10 milhões
A Organização Mundial do Turismo (OMT), entidade ligada a Organização das Nações Unidas (ONU), inaugurou nesta quinta-feira um escritório regional no Rio de Janeiro para impulsionar o setor na América do Sul e no Caribe. Com um representante da ONU e cerca de 30 funcionários, podendo chegar a cem quando estiver em pleno funcionamento, a unidade pretende captar recursos e investir em qualificação profissional no setor.
Após meses de negociação entre o governo federal e a OMT, a inauguração de um escritório regional no Brasil foi aprovada em outubro deste ano, durante a 25ª Assembleia Geral da entidade da ONU pelo ministro do Turismo, Celso Sabino, e pelo secretário-geral da entidade, Zurab Pololikashvili.
— O turismo na América do Sul ainda está muito aquém daquilo que poderia ser, essa região tem muito potencial de empreender o turismo. Se comparado com Europa, Ásia, nós não recebemos quase nada de turistas. E as Nações Unidas reconheceram isso, a OMT decidiu ouvir o nosso apelo para abrir um escritório regional descentralizado — afirmou Sabino.
Além do Rio de Janeiro, a OMT só conta com mais duas representações em todo o mundo: a sede em Madri, na Espanha, e outro escritório regional na Arábia Saudita. Espera-se que o próximo seja aberto em Marrocos, mas o pleito ainda não foi oficializado.
O Rio de Janeiro foi escolhido por ser a principal porta de entrada de turistas estrangeiros no Brasil e deve se beneficiar disso, segundo Pololikashvili.
— Queremos apoiar o Rio. Vamos fazer várias atividades para impulsionar o turismo aqui, com diferentes representantes do setor, desde a hotelaria até as universidades. Queremos trazer mais turistas, desenvolver os pontos turísticos da cidade. Aqui tem muita natureza, praias espetaculares, muita cultura, além da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos recentemente. Não entendemos por que poucos turistas vêm para cá — disse o secretário-geral.
Ele admite que a violência, no entanto, tem sido um desafio para o desenvolvimento do turismo no Rio, além da falta de infraestrutura.
Turismo em alta no Brasil
— Não estamos mais com os números pré-pandemia, e sim superando. Os meses de agosto e setembro foram os melhores da história do Brasil. Nem quanto tivemos Copa do Mundo e Olimpíadas recebemos tantos turistas estrangeiros. Também temos o maior número de brasileiros viajando dentro do próprio Brasil — disse o presidente da Embratur, Marcelo Freixo.
Para se ter uma ideia, nos oito primeiros meses de 2023, os visitantes estrangeiros geraram US$ 4,45 bilhões para o país, quase 7,5% a mais do que o mesmo período em 2019. Só em agosto, foram US$ 657 milhões, o melhor resultado para o mês em 28 anos, ou desde o início da série elaborada pelo Banco Central.
Os dados mais recentes do IBGE mostram que o indicador de atividades turísticas recuou 1,1% em outubro, em relação a setembro, mas ainda se manteve 5% acima do patamar pré-pandemia, em fevereiro de 2020. Na comparação com outubro de 2022, o volume de atividades turísticas no Brasil cresceu 6,5%.
— Nossa perspectiva é encerrar este ano com um crescimento de 7,8% em relação ao ano anterior. No ano que vem, todos os meses devem ultrapassar os números de 2023 e devemos caminhar firme para a marca de dois dígitos de turistas estrangeiros que visitam o Brasil — disse Sabino.
Segundo ele, o Brasil deve encerrar 2023 com a marca de 6 milhões de turistas estrangeiros e R$ 30 bilhões gastos por eles aqui, além de mais de 106 milhões de brasileiros viajando pelo território nacional.
O secretário-geral da OMT acredita que, nos próximos cinco anos, o número de visitantes internacionais que o Brasil recebe por ano deve crescer para cerca de 10 milhões.