GUERRA ISRAEL-HAMAS

Hamas usou prédio abandonado e artilharia pesada em emboscada contra tropas de Israel em Gaza

Nove militares israelenses foram mortos durante incursão no bairro de Shijaiyah, no centro de Gaza, incluindo um coronel e um tenente-coronel

Soldados israelenses posicionam-se em área fronteiriça com a Faixa de Gaza - Jack Guez/AFP

O complexo de prédios no bairro de Shijaiyah, no centro de Gaza, parecia abandonado. As três torres, posicionadas no entorno de um pátio, não se mostravam particularmente ameaçadoras dentro do cenário de guerra urbana no enclave palestino. Contudo, foi na área aparentemente desocupada que o Hamas executou, na terça-feira, a emboscada mais mortal contra as tropas israelenses desde o começo da invasão terrestre. Nove soldados israelenses foram mortos.

A missão, inicialmente, era de reconhecimento. Com o bairro de Shijaiyah sendo considerado uma das principais fortificações do Hamas no norte do enclave palestino, soldados da Brigada Golani, apoiados por forças blindadas e de engenharia, procuravam a entrada de algum túnel utilizado pelo grupo terrorista.

De acordo com uma apuração preliminar realizada pelo Exército israelense na noite de terça-feira, publicada pelo jornal Times of Israel, um grupo de quatro soldados entrou em uma das torres, quando foi surpreendido por terroristas fortemente armados, que os atacaram com granadas e artilharia pesada.

A escaramuça forçou um segundo grupo de soldados a entrar no prédio, em uma tentativa de alcançar os companheiros atacados no lado de dentro. Os militares tentaram contato com o grupo inicial, mas não conseguiu estabelecer nenhum tipo de comunicação.

Imediatamente, os oficiais das brigadas em operação no local iniciaram procedimentos de emergência, diante do temor que o grupo inicial pudesse ter sido capturado. O foco seria administrar uma reação imediata e impedir que o Hamas fizesse novos prisioneiros militares, que costumam ter um peso de troca maior durante negociações de reféns.

A operação de resgate iniciada de imediato foi liderada pela Brigada Golani, sob comando do coronel Itzhak Ben Basat, de 44 anos. O batalhão que acompanhava Basat fez um movimento na tentativa de cercar os terroristas pelo sul. Um segundo batalhão, liderado pelo tenente-coronel Tomer Grinberg, de 35 anos, fez um movimento similar pelo norte, bem como outros dois batalhões, na tentativa de criar um perímetro, dando cobertura à ação.

Os soldados envolvidos na operação de resgate também foram recebidos sob forte fogo inimigo ao adentrarem o prédio. Durante o combate, dois militares das equipes de resgate foram atingidos e acabaram morrendo. Apesar disso, o grupo conseguiu avançar até o local onde a equipe inicial foi emboscada. Lá, constataram que todos os quatro haviam sido mortos.

Antes que os militares conseguissem se retirar do local, o batalhão comandado por Grinberg foi atingido por um ataque massivo lançado de uma outra torre do complexo. As tropas responderam, disparando inclusive mísseis de propulsão portáteis (de ombro). Ainda de acordo com as informações apanhadas pelo Exército, o disparo teria provocado uma série de explosões adicionais no prédio-alvo, provavelmente detonação de explosivos e munições armazenados, que deixaram a construção em ruínas.

Durante o combate, os dois comandantes das equipes de resgate e mais um militar morreram. Basat e Grinber são os oficiais de mais alta patente a serem mortos em combate em Gaza desde o começo dos conflitos. Os mortos na emboscada tinham entre 19 e 35 anos.

Os militares começaram a ser velados na quarta-feira, sob forte comoção em Israel. O presidente Isaac Herzog se referiu aos caídos como "melhores dos melhores, heróis entre os heróis" em uma publicação nas redes sociais. De acordo com o Exército israelense, 115 militares morreram na campanha contra Gaza.