Lira diz que jogará no lixo "versão" de que Maceió está afundando por mina em colapso
Presidente da Câmara fez declaração durante evento de turismo em Brasília, nesta sexta (15)
Durante um evento de turismo em Brasília, nesta sexta-feira (15), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sugeriu que irá desmentir a "versão" de que o solo está afundando em Maceió, sua terra natal, onde cinco bairros foram completamente esvaziados por conta do risco iminente de colapso de uma mina de exploração de sal-gema da Braskem.
— (Gostaria de) Enaltecer e agradecer, antecipadamente, a ida do ministro (do Turismo) Celso Sabino e do Freixo (Marcelo Freixo, presidente da Embratur) a Maceió comigo, para que a gente de uma vez por todas jogue na lata do lixo a versão de que a minha cidade está afundando — disse Lira. — Isso não é justo com Maceió, não é correto com Maceió. E quem é responsável pelo que está acontecendo lá, isoladamente, vai ter que pagar.
A declaração, no contexto de um temor pela queda do turismo na capital de Alagoas, ocorre dois dias depois da instalação, contra a vontade de Lira, da CPI da Braskem, que teve a criação articulada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), seu adversário político.
Nos bastidores, Renan, autor do requerimento da CPI, agiu para que a instalação acontecesse antes do recesso de fim de ano. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou em cena para evitar a criação da comissão e o acirramento da crise e, na terça-feira, realizou uma reunião com os envolvidos para "deixar eventuais disputas políticas de lado". O pedido pela trégua política teria sido aceito de maneira "unânime".
Nesta quinta-feira, Arthur Lira já havia se manifestado sobre a criação da CPI e disse esperar que a comissão não se torne um "palanque político".
"Confio que a CPI criada pelo Senado para investigar os problemas da exploração de sal-gema em Maceió pela Braskem fará um trabalho técnico meticuloso e profundo e de apuração de responsabilidades. O povo de Maceió não pode ser prejudicado. O compromisso público do presidente da CPI, senador Omar Aziz, é nesse sentido. Portanto esta CPI não deve ser um palanque político. E sim uma chance de Maceió e seus moradores buscarem reparação", escreveu.
Risco de colapso
A crise provocada pelo risco de colapso da mina 18 da Braskem, no bairro Mutange, provocou a evacuação de 19 mil casas em cinco bairros, afetando cerca de 60 mil pessoas, segundo a prefeitura, e transformando vizinhanças inteiras em "cidades fantasma". A terra continua afundando no local e há ainda a possibilidade de abertura de uma cratera.
No último domingo, houve um primeiro registro de rompimento na mina, que acabou engolindo um importante aparelho de monitoramento usado por técnicos da empresa e da prefeitura, que já foi substituído mas ainda deve levar mais alguns dias para funcionar plenamente. A região continua sob alerta e totalmente isolada. Os possíveis danos ambientais, segundo especialistas, ainda são "imensuráveis".