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Arthur Lira sugere elogiar praias da cidade de Maceió para se contrapor à tragédia

Presidente da Câmara participou de evento na capital de Alagoas junto com o ministro do Turismo e o presidente da Embratur

Arthur Lira na Câmara dos Deputados - Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), declarou neste sábado que o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), tomou as "providências pertinentes" em relação ao afundamento do solo de bairros da cidade. As áreas passaram a correr risco iminente de colapso de uma mina de exploração de sal-gema da empresa petroquímica Braskem.

Em discurso realizado na capital alagoana, com a presença de empresários do setor de turismo, Lira disse ainda que é preciso "mostrar 24 horas as coisas boas" do município. Ele repetiu uma declaração feita ontem, em Brasília, quando negou que a cidade esteja "afundando". O ministro do Turismo, Celso Sabino, e o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, acompanharam Lira no evento de hoje.

– O que eu disse na feira ontem é que a versão que Maceió está afundando é grave e essa mídia tem que ser efetiva. Não é falando não, é mostrando as coisas boa diariamente, é mostrando as festas de réveillon acontecendo, as piscinas cheias, as praias, mostrando as coisas bonitas que nós temos. É mostrar 24 horas as coisas boas, vender a naturalidade e a tranquilidade da nossa terra.

Ao comentar sobre JHC, como é conhecido o prefeito de Maceió, de quem o deputado do PP é aliado, Lira disse que ele garantiu "a segurança e a vida das pessoas".

– É importante que a gente tenha todas as visões do que vem realmente acontecendo. O prefeito JHC, parceiro, amigo, sempre muito ciente e sempre muito atento, nós estávamos em Brasília tratando de outros problemas naquele momento, quando foi avisado do ocorrido do monitoramento diário que existem nessas minas e veio para Maceió para tomar as providências que são pertinentes naquele momento, que é garantir a segurança e a vida das pessoas.

O presidente da Câmara enumerou as ações realizadas pelo prefeito.

– O alargamento da faixa, avisar do que poderia acontecer, a tomada de providências, se assessorar de informações. Nós passamos vários dias, noites, madrugadas fazendo o que tínhamos que fazer, que é receber informações e estarmos atentos a possíveis soluções. Não tínhamos absolutamente fisicamente o que fazer para aquilo que foi detectado, a não ser naquele momento cuidar de preservação de vidas.

A atuação da prefeitura de Maceió é duramente criticada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) e seus aliados, como o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), e o ministro dos Transportes, Renan Filho. O grupo, que é adversário de Lira, reclama do contrato de indenização feito entre a Braskem e a prefeitura. A avaliação é que não há transparência e há uma acusação de que, pelo contrato, a empresa petroquímica passou a adquirir imóveis da cidade como forma de burlar prejuízos.

O governo do estado também se queixa de não fazer parte do contrato e de não ter acesso à informações sobre ele. Paulo Dantas entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para invalidar o contrato firmado por JHC.

Na última quarta-feira, o Senado instalou, contra a vontade de Lira, a Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) da Braskem, que teve a criação articulada pelo senador Renan Calheiros. O emedebista é autor do requerimento da CPI e agiu para que a instalação acontecesse antes do recesso de fim de ano. Até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em cena para evitar a criação da comissão e o acirramento da crise, mas a CPI não foi impedida.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) foi escolhido como presidente do colegiado, mas a relatoria ainda é alvo de uma queda braço entre os grupos de Renan e Lira. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) tem sido apontado como uma alternativa sem ligação com os dois grupos, mas ainda não definição de quem assumirá o cargo.