Após briga com grupo de Ciro Gomes, 14 deputados da ala de Cid entram na Justiça para sair do PDT
Parlamentares alegam justa causa em ação que tramita na Justiça do Ceará
De saída do PDT após travarem uma disputa interna com o grupo do ex-governador Ciro Gomes, a ala do senador Cid Gomes fez um novo acionamento judicial nesta quinta-feira e mais 14 deputados estaduais pediram justa causa para deixar a sigla. Entre eles, Lia Gomes, que é irmã dos políticos, mas está ao lado do senador em relação ao rumo político.
A movimentação do grupo ocorre em meio ao destino incerto dos aliados de Cid, que deve decidir nesta segunda-feira para qual partido a maior parte de sua bancada migrará. Na ação, Sergio Aguiar, Romeu Aldigueri, Osmar Baquit, Oriel Filho, Marcos Sobreira, Jeová Mota, Salmito Filho, Helaine Coelho, Guilheme Landim, Guilherme Bismarck, Bruno Pedrosa, Antonio Granja e Tin Gomes são os parlamentares que pedem desfiliação.
"Os autores desta ação foram alvos de uma perseguição implacável, orquestrada pelo Sr. André Figueiredo e seus aliados, que abandonaram qualquer pretensão de aderência aos princípios programáticos do partido, entregando-se a uma gestão autocrática e egoísta focada em interesses pessoais, oscilando entre arbitrariedades e evidentes atentados à democracia ao não aceitar decisões judiciais que estão em pleno vigor, além das deliberações da maioria dos membros do Diretório Regional legitimamente eleitos", diz trecho da petição.
Um dos maiores aliados do senador, o presidente da Assembleia Evandro Leitão, se filia ao PT neste domingo, o que gerou um incômodo pessoal. Em evento nesta semana, Cid afirmou ter ficado "frustrado" com o deputado por ele ter tomado uma decisão individual.
— O fato do Evandro já ter se antecipado, ter definido um caminho, frustra em boa parte aquilo que estou dizendo. Espero que seja só ele, caso isolado, e que nós outros decidamos coletivamente — afirmou à imprensa na última segunda-feira.
Inicialmente, o PT era a sigla tida como preferida pelo senador, mas dirigentes e filiados estaduais da legenda afirmaram que não há espaço para acomodar todos os aliados do parlamentar. Ao GLOBO, o líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou que o assunto está encerrado:
— Não existe possibilidade de filiação. Essa conversa está fora.
Pedetista e também de saída, o deputado federal Eduardo Bismarck também disse que uma filiação ao PT também enfrenta resistência no grupo de Cid:
— Há muita dificuldade porque não contemplaria todo mundo. Temos prefeitos que, apesar de fazerem parte da base de Elmano (de Freitas, governador), estão em lados opostos ao PT nos municípios no que diz respeito às candidaturas do ano que vem.
Favoritismo do Podemos
O destino do grupo será decidido em 4 de dezembro, em uma reunião em Fortaleza. Além do PT, PSB, Podemos e PSB também fizeram convites formais. Na quarta-feira, a ala de Cid se reuniu com os dois últimos partidos, que, neste momento, saem na frente.
Em termos ideológicos, o PSB seria o partido mais alinhado. Em entrevista ao GLOBO, a deputada estadual e irmã mais nova de Cid e Ciro, Lia Gomes, inclusive disse ser sua escolha pessoal.
No entanto, a possibilidade de uma federação com o PDT nas eleições municipais do ano que vem é um empecilho. Assim, o Podemos desponta como favorito. Apesar de não comungar com todos os valores pedetistas, o partido está disposto a receber o grupo e é liderado pelo ex-deputado e prefeito de Aracati, Bismarck Maia. Pai de Eduardo Bismarck, Maia é um antigo aliado de Cid no estado.
Atualmente, os irmãos Ferreira Gomes vivem o maior momento de tensão por discordarem sobre os rumos do PDT no Ceará. O senador defendia que a sigla fosse base do governo Elmano de Freitas, enquanto Ciro considera impensável um apoio ao PT.
Esta divergência começou nas eleições do ano passado, quando o grupo de Cid se opôs ao lançamento da candidatura do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, que acabou em terceiro lugar na disputa.
Como resultado deste primeiro impasse, a ex-governadora Izolda Cela deixou a sigla, junto a outros dez prefeitos. Um ano depois, a briga permanece a mesma: Ciro se recusa a estar junto com o PT, o que Cid considera essencial por entender que o lulismo garantiria a ascensão do partido.