Papa Francisco completa 87 anos ainda "no comando" apesar de críticas
Mesmo com problemas de saúde, Pontífice realizou cinco viagens em 2023 e declarou que pretende manter o ritmo no ano que vem
O Papa Francisco completa 87 anos neste domingo (17) após um ano de 2023 agitado, no qual o Pontífice impulsionou sua agenda de reformas na Igreja, apesar do declínio de sua saúde e das crescentes críticas por parte da ala conservadora do Vaticano.
Um sínodo, cinco viagens, 10 anos de pontificado: em 12 meses, o argentino, que agora se locomove com cadeira de rodas, não diminuiu o seu ritmo intenso apesar de vários sustos na saúde, como uma infecção respiratória em março e uma operação abdominal em junho.
Nos corredores do Vaticano, muitos relatam um clima de "fim de reinado".
"Sua saúde está piorando, é um homem cansado, mas tem a cabeça intacta. Está mais no comando do que nunca", declarou à AFP uma fonte do Vaticano sob condição de anonimato.
Embora tenha admitido que viajar se tornou "mais difícil", o Pontífice continua abordando assuntos representativos para o mundo, como as migrações em Marselha, as "periferias" na Mongólia e os danos da guerra na República Democrática do Congo.
Seu ano de 2023 será lembrado como o primeiro sem a sombra de seu antecessor, Bento XVI, que faleceu em 31 de dezembro de 2022.
"Francisco está liberto da sombra de Bento XVI e, ao mesmo tempo, isolado dos seus inimigos porque de certa forma Bento XVI o protegeu", disse à AFP Michel Kubler, sacerdote em Roma e ex-editor-chefe religioso do jornal francês La Croix.
Aumento das críticas
Tanto fora quanto dentro do Vaticano, as críticas aumentaram desde sua eleição, como comprovam as inúmeras declarações contra sua gestão, especialmente por parte dos ultraconservadores americanos.
"Os que não gostam de Francisco estão se contendo cada vez menos. Estamos em uma espiral de endurecimento das relações entre Francisco e certa oposição católica", constatou Kubler.
"Os ataques são mais virulentos e a 360º. Também há um cansaço geral",sinalizou uma fonte do Vaticano, enfatizando a personalidade "polarizadora" do Pontífice.
As questões mais criticadas são a gestão do Papa, considerada muito pessoal, e as dificuldades em concluir a reforma da Cúria, o governo central da Igreja, para o qual foi eleito. Em resposta, Francisco agiu com firmeza, eliminando os privilégios, o salário e as acomodações oficiais de um dos seus adversários mais famosos, o cardeal americano Raymond Burke.
O ano de 2023 também foi marcado pela evolução na luta contra a violência sexual na Igreja, assim como a acusação de um padre jesuíta esloveno acusado de violência sexual e psicológica contra mulheres.
Já 2024 será marcado, sobretudo, pela segunda etapa do Sínodo sobre o futuro da Igreja, que colocou em pauta questões como o diaconato feminino. E o Papa, que revelou recentemente ter escolhido Roma como seu local de sepultamento, disse que quer continuar viajando.
"Muito dependerá de seu estado de saúde e de sua capacidade de manter o rumo apesar das hostilidades",resumiu a mesma fonte do Vaticano.