Reforma tributária é a principal motivação para alta da nota da dívida brasileira pela S&P
Um grau maior no rating indica menor risco de inadimplência nas dívidas financeiras do país emissor
A agência de classificação de risco S&P Global elevou, nesta terça-feira (19), a dívida soberana do Brasil de BB- para BB, após a aprovação, no Congresso, da reforma tributária apresentada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
"Elevamos a classificação do Brasil em escala global de longo prazo depois da aprovação recente da reforma tributária", informou a S&P Global em um comunicado.
Em 2018, a agência tinha rebaixado a nota do Brasil a BB- devido a preocupações sobre o cenário fiscal.
A reforma tributária, que modifica o complexo sistema de impostos sobre o consumo do Brasil pela primeira vez em 58 anos, foi aprovada na sexta-feira na Câmara dos Deputados, após o aval do Senado. Agora, aguarda promulgação.
"A reforma se soma a um já amplo histórico de reformas estruturais e microeconômicas desde 2016, que na nossa opinião reflete um marco institucional cada vez mais pragmático, que ajuda a ancorar a estabilidade macroeconômica", acrescentou a agência.
E, embora seja gradual, o novo sistema tributário "provavelmente se traduzirá em aumentos de produtividade no longo prazo", pontou.
Em junho, a agência tinha dado uma classificação "positiva" à nota da dívida soberana brasileira, indicando uma possível elevação. Agora, situou o nível em perspectiva "estável", sem previsão de mudanças próximas.
Segundo o critério das agências de classificação de risco, um grau maior no rating indica menor risco de inadimplência nas dívidas financeiras do país emissor, e o resultado desta análise serve como ferramenta para os investidores.
No nível atual, BB, o Brasil ainda permanece em estágio especulativo, abaixo do grau de investimento, que representa maior confiança no devedor.
A notícia repercutiu nesta terça-feira na bolsa de São Paulo, que atingiu um máximo histórico, com alta de 0,59% a 131.851 pontos.
A decisão da S&P se segue à melhora da nota soberana do Brasil pela agência Fitch, também de BB– para BB, em julho passado, quando a reforma tributária já transitava no Legislativo.
Por outro lado, a S&P também pondera o problema fiscal que a economia brasileira enfrenta, ao reconhecer uma "falta de progresso para abordar o grande gasto, rígido e ineficiente, do governo brasileiro".
"Com o tempo, resultou em déficits fiscais consistentes, espremendo recursos do setor financeiro e explicando parcialmente o fraco crescimento do Brasil", ressaltou.
A agência prevê uma expansão da economia brasileira de quase 3% em 2023 e à metade a expectativa de crescimento para o próximo ano.
A nota do Brasil poderia cair nos próximos dois anos "se uma implementação ruim das políticas levar a uma maior deterioração fiscal e a uma carga da dívida maior do que a esperada", alertou a S&P.