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Médico ruandês é condenado a 24 anos de prisão por genocídio quase três décadas após o crime

Decisão foi ajuizada pelo Tribunal de Justiça de Paris por massacre que aconteceu em 1994 e matou mais de 800 mil membros do grupo étnico tutsi, em Ruanda

O médico ruandês Sosthene Munyemana chega com a sua advogada Florence Bourg ao tribunal de Paris para o seu julgamento sob a acusação de genocídio e crimes contra a humanidade durante os massacres de 1994, em Ruanda - Alain Jocard / AFP

O Tribunal de Justiça de Paris decidiu nesta terça-feira (19), condenar a 24 anos de prisão o ex-médico ruandês, Sosthene Munyemana, pelo crime de genocídio contra membros do grupo étnico tutsi, em Ruanda, na África Oriental, em 1994. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que o massacre deixou mais de 800 mil mortos.

Munyemana foi considerado culpado por crimes contra a humanidade e pela participação na conspiração do ato. Ele foi acusado de assinar uma moção de apoio ao governo interino estabelecido após o ataque ao avião do presidente da etnia hutu, Juvenal Habyarimana, que incentivou os massacres contra os tutsis entre abril e julho daquele ano.

O ex-médico também foi indiciado por instalar barreiras e patrulhas de vigilância em Tumba, no sul de Ruanda, em que pessoas foram detidas antes de serem mortas, e por ter em sua posse a chave de um escritório onde os tutsis foram trancados antes de serem mortos. Munyemana deve ser preso imediatamente, embora seus advogados tenham anunciado que recorrerão do veredito.

 

O acusado fazia parte de um grupo “que preparava, organizava e dirigia diariamente o genocídio dos tutsis em Tumba”, segundo declarou o presidente do tribunal ao anunciar o juízo. Munyemana chegou à França em setembro de 1994, onde moravam sua esposa e três filhos. Trabalhou como médico de emergência e depois como geriatra até a sua aposentadoria.

O processo na justiça francesa foi aberto em 1995, após uma denúncia apresentada na cidade de Bordéus. Em 2001, o caso foi transferido para Paris. A ordem de cobrança foi emitida em 2018. Seis homens foram condenados pela participação no genocídio tutsi, com penas que variam entre 14 anos e prisão perpétua.