Rio de Janeiro

Negociação para Zinho se entregar contou com 'patronos' do miliciano, diz PF

Luis Antonio da Silva Braga estava foragido desde 2018; ele foi levado para o presídio Bangu 1

O miliciano Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho - Reprodução

A negociação que terminou com a prisão de Luis Antonio Da Silva Braga, o Zinho, que era considerado o inimigo número um do RJ, contou com a participação de "patronos" do miliciano.

Segundo a Polícia Federal, antes de a detenção ser formalizada, na tarde deste domingo, aconteceram "tratativas" entre pessoas ligadas à defesa do criminoso com representantes da corporação e da Secretaria estadual de Segurança do Rio.

Zinho se apresentou a agentes da Delegacia de Repressão a Drogas (DRE) e do Grupo de Investigações Sensíveis e Facções Criminosas (Gise), ambos da PF, na Superintendência Regional da corporação, na Praça Mauá, região central do Rio.

Após ser preso, o miliciano foi encaminhado ao Instituto Médico-Legal (IML) para realizar exame de corpo de delito. Após formalidades, seguiu para o presídio Bangu1, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste da capital.

A prisão de Zinho ocorreu seis dias após a PF e Ministério Público do Estado do Rio (MP/RJ) realizar a Operação Batismo, que tinha como alvos o miliciano e a deputada estadual Lucinha (PSD). Segundo as investigações, a parlamentar era chamada de "madrinha" pelo criminoso. Durante a ação, agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na casa e no gabinete de Lucinha na Assembleia Legislativa (Alerj).

De acordo com fontes da PF, a decisão de Zinho de se entregar seria para tentar continuar com seus negócios criminosos e conter danos.

A ação que mirou Lucinha, ainda segundo essas fontes, teria representado um revés para o grupo paramilitar chefiado por ele. A advogada do miliciano teria procurado a Polícia Federal logo após a Operação Batismo.

Confronto com milícia de Tandera
Antes de assumir o controle da milícia — que age principalmente na Zona Oeste do Rio —, Zinho era homem de confiança de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko, que era chefe da quadrilha.

O bandido era encarregado da contabilidade e da lavagem do dinheiro oriundo das atividades ilegais. Com a morte de Ecko durante uma operação policial, em junho de 2021, Zinho assumiu o controle do grupo paramilitar.

Atualmente, a milícia de Zinho tem como maior rival o grupo de Danilo Dias Lima, o Tandera — ex-aliado de Ecko que rompeu com ele em dezembro de 2020.

Desde então, as duas quadrilhas travam um violento confronto na disputa por territórios que deixou um rastro de mortes. O confronto atingiu o ápice em setembro de 2021, quando — por ordem de Tandera — várias vans foram incendiadas na Zona Oeste, prática que continuou nos meses seguintes.